«Então, estás preparado?», «Olha que o Liedson joga assim e o Vukcevic faz não sei o quê...» Os alertas são de treinadores de bancada da Costa da Caparica, sempre que Ricardo Aires anda pelas ruas. E é natural que assim aconteça, admite o jogador ao Maisfutebol. A quarta eliminatória da Taça de Portugal colocou o Sporting no caminho do Pescadores e com a proximidade da data intensificam-se as recomendações, dentro e fora das quatro linhas.
«Vamos jogar com um grande e, para não sairmos maltratados, temos de estar concentrados, pois se correr mal pode correr mal a sério. A nível de trabalho não mudou nada, mas a comunicação social à nossa volta acaba sempre por alterar a rotina. Agora, com o aproximar do jogo começa a sentir-se a adrenalina», conta Ricardo Aires, 31 anos, um dos mais experientes do plantel.
A 7 de Janeiro de 2007, então no Atlético, foi ao Dragão eliminar o F.C. Porto da Taça. Foi um dos melhores em campo. Repetir o êxito frente ao Sporting e no Restelo é dose dupla que encara com ambição, mas também com a serenidade de quem conhece o momento único de tombar um gigante.
«Os meus colegas perguntam-me como foi vencer o F.C. Porto no Dragão, pois sabem que é possível. Temos de desfrutar ao máximo e aproveitar o momento. Sabemos as diferenças, mas temos de tentar. Se não, mais valia mandar um fax à Federação a dizer para dar já a vitória ao Sporting», defende.
Avisado que está para o Liedson e para o Vukcevic, Ricardo Aires agradece a ajuda, mas lembra que o universo de preocupações é maior. «Basta ser o Sporting para se adivinharem as diferenças. A concentração vai ser chave, num estádio a que não estamos habituados. Felizmente já tivemos oportunidade de ali treinar. A adrenalina é muita.»
O regresso ao Restelo na passada quinta-feira, para o treino de adaptação ao relvado, foi marcante para o defesa do Pescadores. Afinal, foi naquele estádio que nasceu para o futebol. Dez anos depois, ainda não foi esquecido. «É uma mistura de saudade, nostalgia, alegria e tristeza, pois foi ali que me formei como homem e jogador. Mal cheguei alguns adeptos reconheceram-me», conta, admitindo ser, também ele, «adepto do Belenenses desde muito pequeno».
As contas a ajustar são com o Sporting, mas também com o Belenenses. «Seria hipócrita se não pensasse que tinha lugar na equipa. Se tivesse sido melhor aproveitado... Se no meu tempo houvesse esta politica de agora, de apostar na formação... Fui campeão europeu sub-16 na Bélgica. É uma página virada.»