FIGURA

Francisco Geraldes: exibição de encher o olho, apenas manchada pelo penálti ao poste que podia ter dado o apuramento. Grande entrada em jogo na segunda parte, com a assinatura do 1-1, num pontapé soberbo sem hipóteses para Donnarumma, ao minuto 72. Foi um elo de ligação crucial no meio-campo, coincidente com a qualidade e estabilidade ganha pelo Rio Ave ao longo do tempo. No desempate por grandes penalidades, acertou uma vez e, mesmo com o match-point desperdiçado, fica a certeza de que o médio é uma mais-valia neste plantel e nesta equipa.

MOMENTO: todo o desempate por grandes penalidades

Todo e qualquer adjetivo será insuficiente para caracterizar o longo desempate por grandes penalidades deste Rio Ave-Milan, que só ficou resolvido após a 24.ª tentativa, quando Donnarumma defendeu o remate de Aderllan Santos. Até aí, o Rio Ave teve três penáltis que podiam ter dado apuramento, mas os contornos épicos acentuaram-se nessa falta de aproveitamento: quando Monte viu a bola bater nos dois postes após o falhanço de Colombo; quando Kieszek fez uma fotocópia de Donnarumma e atirou o penálti por cima; e quando Francisco Geraldes viu o poste negar a festa, já depois da defesa de Kieszek a Bennacer. Memorável, apesar de infeliz para as cores portuguesas.

A crónica do épico Rio Ave-Milan

OUTROS DESTAQUES

Çalhanoglu: o turco é parte decisiva no encontro e, tirando a grande exibição coletiva e também individual do Rio Ave a partir do 1-1 - que justifica a escolha de Geraldes – é protagonista do filme do jogo. Bateu o canto que dá o 1-1, fez o 2-2 no último lance do prolongamento e converteu uma das tentativas do desempate final.

Aderllan: era dos que menos merecia ficar marcado pelo penálti que deitou por terra as hipóteses do Rio Ave. Exibição espetacular e acertada do central, com cortes decisivos a anularem potenciais ações atacantes da equipa de Stefano Pioli. Foi um pêndulo na retaguarda.

Saelemaekers: o extremo recrutado há pouco mais de um ano ao Anderlecht abriu o marcador com um potente remate, que coroou a atuação daquele que, até esse momento, no minuto 51, foi dos homens mais esforçados da equipa.

Brahím Díaz: o médio hispano-marroquino de 21 anos cedido pelo Real Madrid foi a fonte de energia que alimentou o Milan no início da segunda parte. Fez a diferença após ter rendido Castillejo ao intervalo, com velocidade, raça no um para um e qualidade na definição. Foi assim que criou o lance mais perigoso da equipa, o que originou o canto do golo de Saelemaekers.

Piazón: foi dos homens mais regulares da equipa do Rio Ave. Ganhou bolas no meio-campo ofensivo que permitiram pôr em sentido o Milan, conquistou faltas para lances de bola parada a favor da equipa e fez a assistência primorosa para o golo de Francisco Geraldes.

Gelson Dala: entrou e assinou a reviravolta, com um remate certeiro no início do prolongamento. Expedito e atrevido, nunca se atemorizou com a defensiva italiana pela frente.

Théo Hernández: o número 19 teve de sofrer por vezes a nível defensivo, com as investidas dos vila-condenses, mas teve pendor ofensivo superior no ataque à baliza do Rio Ave. Desequilibrou várias vezes o adversário em número, com sucessivas incursões até ao último terço. Foi dos mais rematadores dos italianos, mas sem a pontaria desejada. Só caiu um pouco de rendimento quando o Rio Ave cresceu e chegou à vantagem.

Kieszek: à semelhança de Aderllan e Geraldes, dos que menos merecia ficar associado à possibilidade gorada, quando o apuramento estava ali, à distância de um penálti. Fez duas grandes defesas já com o 2-1 no marcador, ainda marcou uma vez no desempate, mas falhou outra, intimamente ligada à história do jogo.