O Banco Central Europeu (BCE) deverá manter esta semana a taxa de juro de referência para a Zona Euro estável nos 4,25%.

A segurar a mão do BCE estão, segundo os especialistas, as pressões inflacionistas. O «mandato» do BCE passa sobretudo por assegurar a estabilidade de preços, um objectivo que só é consistente com uma taxa de inflação em torno dos 2%, ou seja, bem menos do que os 3,8% registados em Agosto.

A última vez que a entidade monetária aumentou o preço do dinheiro foi no passado mês de Julho, devido à escalada dos preços dos alimentos e também da energia, nomeadamente do petróleo.

Por outro lado, as perspectivas económicas da Zona Euro são algo incertas e apontam para uma certa fragilidade, que pode agravar-se ainda mais, influenciada pelo clima mundial de instabilidade, com origem sobretudo nos EUA, onde o plano Paulson, desenhado para salvar os mercados financeiros, aplicando neles 700 mil milhões de dólares, acaba de ser chumbado pela Câmara de Representantes do Congresso norte-americano, um desfecho inesperado e com consequências agora imprevisíveis nos mercados e economias de todo o mundo.

Na Europa, o indicador de sentimento económico caiu em Setembro para os 87,7 pontos e a economia da Zona Euro está sob a ameaça de uma recessão, segundo alguns especialistas. A própria Comissão Europeia alerta que as economias espanhola e alemã podem entrar em recessão técnica este ano, o que se traduz em dois trimestres consecutivos de contracção económica.

Bruxelas cortou recentemente as suas previsões de crescimento para a economia da Zona Euro e elevou as projecções para a taxa de inflação, devido à persistência da turbulência nos mercados financeiros, ao encarecimento das matérias-primas e à crise imobiliária que se vive em vários países.

Se o disparo das taxas comerciais e interbancárias, as Euribor, podia funcionar como uma motivação para que o BCE baixasse a taxa de referência, ela está a desaparecer. Os especialistas acreditam que nem mesmo uma descida das taxas pelo BCE faria baixar as Euribor, que se encontram em níveis historicamente elevados, registando sucessivos máximos, devido à dificuldade de financiamento registada pelos bancos junto dos seus pares. É que, segundo os especialistas, o facto de as Euribor se terem vindo a afastar cada vez mais das taxas de referência do BCE, mostra que as mesmas têm hoje «vida própria» e dificilmente seguiriam a par e passo a tendência seguida pelo banco central.