O Benfica deixou passar em claro grande oportunidade para se qualificar já para os oitavos da Liga dos Campeões. Os encarnados tiveram demasiado receio de um adversário acessível e não foram capazes de crescer depois do majestoso golo de Rodrigo. Sim, houve o tal penalty e o empate não compromete, mas a Luz merecia a festa. E, agora, segue-se Old Trafford.

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Jesus só pode ser nesta altura um treinador confiante. As apostas em Rodrigo, que começa a convencer, mas que tem a sombra de um nome como Cardozo, e em Luís Martins, estreia absoluta - quando podia fazer adaptações -, prova-o com certeza inequívoca. Nem a própria ausência do banco, por culpa de uma expulsão desnecessária na Suíça, fizeram vacilar o técnico dos encarnados, que tinha pela frente um passo importante na história do clube: qualificar-se pela primeira vez para os oitavos dois jogos antes do fim da fase de grupos. E havia ainda o tal recorde de Eriksson, igualado em Basileia, e que podia ser ultrapassado com o 22º triunfo na UEFA. O moral estava em alta, mas baixou certamente depois do apito final.

O novo menino-bonito da Luz demorou quatro minutos a justificar a opção. Aos dois, já tinha atirado ao poste, após combinação com Aimar; e aos quatro, depois de toda a defesa do Basileia ter deixado Gaitán saltar sozinho na área, disparou um míssil ao ângulo superior esquerdo de Sommer. A Luz explodia e já poucos se lembravam do paraguaio, melhor marcador há muito tempo. No lado esquerdo da defesa, por sua vez, a felicidade estava ensombrada pela inibição e pelo nervosismo. Nos pés de Luís Martins a bola queimou sempre, esteve pouco tempo, porque se apressou a entregá-la. Fez o mais simples quase sempre, mas percebe-se (e não podia deixar de ser) que lhe falta amadurecer, no posicionamento e no entrosamento com os companheiros. Estes fizeram questão de não o esquecer na difícil missão de tapar o o melhor dos suíços, Shaqiri.

O Benfica marcou o seu golo, criou umas quantas oportunidades (mais uma por Rodrigo, num cabeceamento ao lado, aos oito minutos), e ainda reclamou uma grande penalidade por mão de Dragovic, que nem o árbitro de baliza, o fiscal ou o juiz principal conseguiram ver (16), naquele que foi o primeiro sintoma de uma arbitragem infeliz do espanhol Carlos Velasco Carballo. Houve mais um cabeceamento de Garay (19), e os encarnados começaram depois a baixar linhas, sem pressionar o meio-campo helvético, resguardando-se em contra-ataques que raramente saíram bem. Culpa de um Aimar mais discreto do que o costume.

A verdade é esse retraimento podia ter custado o empate ainda no primeiro tempo. Não porque o Basileia tenha caído em cima, mas porque as basculações não estavam oleadas como dantes. Os suíços conseguiram a sua melhor oportunidade aos 32 minutos quando o cruzamento da direita de Zoua encontrou Fabian Frei, que cabeceou ao lado. Seria o primeiro de alguns calafrios que os encarnados sentiriam antes e depois do golo de Huggel. Valeu um corte de Garay, aos 45, perante Zoua, e Artur e Luisão, a meias, aos 52, após um cruzamento perigoso da direita. Mas, nessa jogada fatal, aos 64 minutos, Chipperfield fez tudo bem: desmarcou-se na esquerda, e cruzou atrasado para a marca de penalty, onde Huggel fuzilou Artur. Fica a ideia que faltou ali Matic.

O golo meteu o Benfica num fosso. Sem forças, sem ideias também. E nem as mexidas de Aimar por Cardozo, e Gaitán, esgotado, por Nolito, abanaram a equipa. A melhor oportunidade surgiu logo depois da igualdade, novamente por Rodrigo. Servido por Witsel, talvez o mais esclarecido durante o jogo, o internacional espanhol sub-21 passou o guarda-redes, mas não conseguiu emendar depois.

Até ao fim, os encarnados tentaram. Mas o Basileia guardou a bola e o Benfica foi demasiado sôfrego. Ficam a faltar três pontos.