Fiel à máxima «se a bola está comigo, tu não a tens», o Bayern Munique segue em frente na Liga dos Campeões. Sem olhar para o lado, mesmo se minimamente incomodado, como sucedeu diante do Arsenal.

O 1-1 é um prémio simpático para a coragem dos «gunners» em Munique. Não mais do que isso.

Com a vantagem de dois golos trazida de Londres, a máquina perfeita concebida por Pep Guardiola quis, antes de mais, nunca perder o controlo do jogo. Na verdade, as rédeas estiveram sempre nas mãos dos alemães.

Se preferirem, a direita no pé esquerdo de Robben e a esquerda no direito de Ribery.

Falamos dos extremos porque uma boa parte do mérito deste controlo teve a sua génese no medo imposto pelo francês e o holandês aos laterais do Arsenal.

Bola no pé de Robben, movimento a fugir da direita para o centro e sempre, ou quase sempre, o perigo a rondar a baliza de Fabianski. O exemplo é um decalque do ocorrido no flanco oposto.

FICHA DE JOGO DO BAYERN-ARSENAL


Não pensamos, porém, que a qualidade individual seja o lado mais atraente ou libidinoso do futebol deste Bayern. Longe disso. O que mais impressiona é a forma asfixiante como a equipa recupera a bola depois de a perder. O Arsenal nunca soube lidar com isso.

Sem ser especialmente intenso ou maravilhoso, o Bayern apoiou-se na paciência e na lógica de superioridade para ir colocando o adversário no lugar. Assim, com a naturalidade de quem chega a casa no fim do dia de trabalho e beija cansado o cônjuge, os bávaros chegaram à vantagem.

Tudo bem feito por Ribery na esquerda, tudo bem solucionado por Schweinsteiger no coração da área. Receção, remate, golo.

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No filme não estava prevista a resposta imediata e surpreendente de um digno Arsenal. É certo que há falta sobre Lahm, mas Podolski, sem culpa da distração do árbitro, prosseguiu e colocou Manuel Neuer no pelotão de fuzilamento. Bomba e empate.

Nada que ousasse glorificar a investida britânica ou atormentar as forças bávaras. Bola no pé, circulação, tudo devidamente planeado e executado com uma qualidade irrepreensível.

Para o Bayern, cuja passagem aos quartos-de-final pareceu ser várias vezes uma mera formalidade burocrática, só o penálti falhado por Thomas Muller merece nota negativa. O avançado jogou cinco minutos e teve a vitória no pé. Falhou.

A cartilha de Pep Guardiola prevê tudo com precisão cirúrgica. Seria surpreendente que na derradeira página não estivesse desenhada a final de Lisboa.