Os últimos dias têm sido de tensão. A Juventus decidiu incendiar os ânimos, queixando-se à UEFA da cotovelada de Enzo Pérez a Chiellini, mas o Benfica reagiu com força e conseguiu conter danos, assegurando que o influente médio argentino vai poder jogar a meia-final da Liga Europa. Pelo meio muitas acusações de potencial favorecimento aos italianos e uma alegada vontade de Platini em ajudar o clube onde viveu as suas maiores glórias e a quem muito provavelmente gostaria de entregar a Taça.

Tudo isto aconteceu nos bastidores e encheu muitas páginas de jornais, permitindo aos jogadores resguardarem-se para poderem preparar o jogo com maior tranquilidade. Mas eis que chegamos a quinta-feira e a oportunidade de vermos a bola a rolar a partir das 20:05. Os encarnados chegam ao norte de Itália em vantagem devido à vitória por 2-1 no estádio da Luz, mas vão enfrentar uma equipa supermotivada, não só por estar a fazer uma grande época, mas principalmente porque joga perante os seus adeptos e com os olhos postos na tal final de 14 de maio, em Turim.

A equipa de Jesus precisa de um empate, pode nem marcar nenhum golo, mas como refere o treinador encarnado, o mais provável é marcar, como acontece quase sempre fora de casa. Para a Juventus existe o cenário de ter de ganhar apenas por 1-0 (fruto do golo apontado por Tévez em Lisboa), mas do outro lado está uma equipa fortíssima em todos os aspetos e com um ataque simplesmente venenoso. A segunda mão promete ser escaldante.

Nas únicas duas vezes que um jogo da primeira mão da Liga Europa ficou 2-1 a eliminatória foi sempre virada a favor da equipa que perdeu o primeiro jogo. Aconteceu em 2010/11 e 2011/12, sempre com equipas portuguesas: no primeiro caso com o Benfica, quando venceu o Sp. Braga na Luz e depois perdeu por 1-0; no segundo caso com o Sporting, que depois de ter ganho em casa foi a Bilbao perder com o Athletic por 3-1.


Um longo historial

Esta é a terceira vez que Juventus e Benfica se encontram em provas da UEFA em jogos a eliminar, num historial que começou a ser construído em 1967/68, quando a equipa de Otto Glória suplantou os italianos com dois triunfos (2-0 e 1-0) na meia-final da Taça dos Campeões Europeus, garantindo a presença na final de Wembley, que viria a perder para o Manchester United de Sir Matt Busby.

Mais recente foi o embate com a Juve de Trapattoni, em 1992/93, desta feita negativa para a formação portuguesa, que foi eliminada nos quartos-de-final da Taça UEFA. Curiosamente também se registou uma vitória na Luz por 2-1, mas a equipa de Toni foi abalroada na segunda mão, perdendo por 3-0, e os italianos viriam a conquistar a prova.

O Benfica chega ao jogo de Turim sendo a única equipa da Liga Europa que ainda não perdeu esta época, mas enfrenta uma Juventus que em casa também não sofreu qualquer derrota na competição (três vitórias e três empates). Curiosamente, os encarnados são a única equipa nestas meias-finais que nunca venceu a Taça UEFA ou a Liga Europa e a Juventus pode tornar-se na terceira equipa, desde que a Taça UEFA é decidida num só jogo, a disputar a final no seu estádio (as anteriores foram o Feyenoord em 2002/03 e o Sporting em 2004/05). Sevilha ou Valência, uma delas será a equipa da casa na final, o que significa que se a Juventus afastar o Benfica, será considerada a equipa visitante no seu próprio estádio.


ATUALIDADE DA JUVENTUS

A perspetiva de Antonio Conte: «Não conhecemos a palavra medo, conhecemos a palavra respeito. É um caminho emocionante aquele que estamos a fazer. O Benfica é um pouco como a Juventus: temos tantos adeptos aqui como eles em Portugal. Sabemos o que temos de fazer, estou confiante. Temos de ser fortes no ataque, mas ainda mais fortes a travar os contra-ataques do Benfica.»
 
Equipa provável: Buffon; Barzagli, Bonucci e Chiellini; Lichtsteiner, Vidal, Pirlo, Marchisio e Asamoah; Llorente e Tevez.  

ATUALIDADE DO BENFICA

A perspetiva de Jorge Jesus: «Nós acreditamos que, para passar esta eliminatória, temos de fazer golos, independentemente de estarmos em vantagem. A Juventus também tem a noção do valor da equipa do Benfica e dos nossos elementos ofensivos, mas tem um sistema de jogo a que nós não estamos habituados em Portugal, e isso obriga-nos a recorrer a outros posicionamentos para parar a equipa adversária quando está em momentos ofensivos»

Equipa provável: Artur; Maxi Pereira, Luisão, Garay e Siqueira; Gaitán, Ruben Amorim, Enzo Perez e Sulejmani; Lima e Rodrigo. 
 
Ausentes : Fejsa e Silvio (lesionados) e André Gomes (castigado)



A outra meia-final
O duelo espanhol decide-se no Mestalla, com uma vantagem enorme do Sevilha após a vitória por 2-0 na primeira mão. Mas este não é um cenário novo para a equipa de Juan Antonio Pizzi, dado que já conseguiu virar uma desvantagem de 3-0 para o Basileia nos quartos-de-final. Uma coisa é certa: não vai faltar alma e… muitos portugueses.

Para Ricardo Costa, João Pereira, Diogo Figueiras, Ricardo Carriço e Beto esta será uma enorme oportunidade para colocarem mais um marco nas suas carreiras, também com um olho no Mundial, uma vez que grandes exibições não passarão despercebidas a Paulo Bento. Para o guarda-redes acresce o facto de fazer 32 anos precisamente nesta quinta-feira.

Ambas as equipas já venceram a competição: o Valência em 2003/04 (para além das duas Taças das Cidades com Feira, em 1962 e 1963); o Sevilha em 2005/06 e 2006/07, naquelas que foram as suas duas épocas de ouro.

No Sevilha as únicas ausências por lesão são Cicinho, Sebastián Cristóforo e Denis Cheryshev, enquanto no Valência subsistem dúvidas sobre Pablo Alcácer, que aguarda um recurso interposto na UEFA sobre o cartão amarelo visto na primeira mão (com o argumento de Beto ter simulado uma agressão). O guarda-redes Diego Alves está de regresso de lesão e, segundo o treinador, será titular, mas ficam de fora Víctor Ruiz, Oriol Romeu e Philippe Senderos (lesionados), assim como Rubén Vezo e Vinicius Araujo, (não estão inscritos nesta competição).