Sabe quando vê o trailer de um filme e fica cheio de expectativa? Vai ler a ficha técnica, e percebe que os artistas têm um currículo que atesta qualidade; a realização está nas mãos de gente que sabe o que faz… Tudo parece reunido para passar um belo serão.

Mas depois chega ao cinema e os sinais não são os melhores. O filme não vai rodar na sala principal, há pouca gente a assistir. Mas vá, a malta é que não sabe o que perde, porque isto promete. Só pode. Tem tudo para isso, não nos podemos ter enganado.

Foi exatamente essa a sensação que se viveu nesta segunda-feira em Setúbal, no Belenenses-Moreirense, que terminou o triunfo dos cónegos por 1-0.

Os primeiros minutos ainda fizeram jus à expectativa criada em termos de qualidade – ou então ainda eram vestígios daquelas boas expectativas criadas. As duas equipas a jogar um futebol ofensivo, a justificarem o facto de discutirem nesta partida a subida ao quinto lugar e o título de equipas-sensação da época.

Mas numa análise mais fria à primeira parte, se descontarmos as boas ideias, sobrava apenas uma oportunidade clara. Uma ocasião criada num belo passe de Eduardo a explorar a velocidade de Licá que, depois de ganhar a Halliche e ficar isolado na cara de Jhonatan, rematou para defesa com o pé esquerdo do guarda-redes brasileiro.

Ah, mas isto na segunda parte anima. De certeza sim.

Durante o intervalo, enquanto se aguarda pelo regresso dos artistas, vamo-nos tentando convencer de que o espetáculo não está a ser assim tão mau. Sim, há erros técnicos pelos quais não esperávamos, mas isto com uma segunda parte em crescendo, como se espera, ainda vai valer bem a pena.

Porém, dez minutos corridos da segunda parte e as boas expectativas esvaem-se. Eh. Sim, isto tinha tudo para correr bem, mas não está a correr.

Falta emoção. Falta rasgo. É tudo demasiado previsível. Ainda vale o bilhete, vá, não é péssimo. A culpa é nossa que trazíamos níveis de exigência demasiado elevados.

A vinte minutos do fim, lá surgiu um ator secundário, Texeira, saído do banco sete minutos antes a colorir o ecrã. Após um erro crasso de Cleylton. O central falhou um passe na primeira fase de construção, Chiquinho – de longe o melhor em campo – intercetou-o e lançou o avançado uruguaio que, com um remate cruzado, fez o único golo da partida.

E assim, lá houve quem saísse bem satisfeito pelo espetáculo. Os 13 adeptos do Moreirense que vão acabar o dia com 800 quilómetros percorridos entre a vila de Moreira de Cónegos e Setúbal, levam na bagagem um muito saboroso quinto lugar na Liga.

É que com este resultado, o Moreirense passa o V. Guimarães na classificação. Passa a somar 34 pontos, mais dois que o V. Guimarães e mais cinco do que o Belenenses.

The end? Não, ainda há muito campeonato pela frente. E muito brilho para ver de ambas as equipas. Desta vez é que não deu para mais.