* Por Sérgio Pires

Domingo, dia de dérbi... Em Lisboa, naturalmente, mas não só. No Vale do Sousa também. Um dérbi local, esclareça-se. Coisa de vizinhos, não separados pela Segunda Circular, mas por 15 quilómetros de estadas sinuosas... O que não suaviza a rivalidade.

O Paços de Ferreira recebeu o Penafiel e apesar de ter o dobro dos pontos que o adversário na classificação só nos minutos finais acabou por justificar os maiores argumentos que tem. Comecemos pelos minutos finais. Foi aí que o Paços provou ter outra estaleca. A perder por 0-1 em casa a equipa de Paulo Fonseca sufocou o adversário e acabou por ser feliz, depois de ter perdido o seu melhor jogador no primeiro tempo (Sérgio Oliveira saiu lesionado) e de ter desperdiçado uma grande penalidade.

Dois livres de Nelson Pedroso resultaram em dois golos que viraram a partida do avesso. Cícero, que na primeira volta havia feito a diferença em Penafiel (0-1, na terceira jornada), lutou entre os centrais adversários, assistiu os companheiros e quando já nada lhe parecia restar fazer resolveu ser a figura da partida. Primeiro, ganhou espaço e aproveitando um ressalto na área rematou para o golo (87') e três minutos depois atrapalhou o azarado Ferreira, capitão do Penafiel que acabou por introduzir a bola na baliza.

Muito azar num jogo que até parecia bafejado pela sorte para os durienses. A primeira parte começou com a lesão de Sérgio Oliveira, continuou com Rodrigo Galo a falhar uma grande penalidade, cometida pelo ex-capitão pacense Tony, que embateu na barra (pontaria exagerada no castigo máximo...). A resposta o Penafiel foi decidida: João Martins apareceu na área e fez o golo. Um golo que fez retrair a equipa de Rui Quinta, que não teve cabeça fria para segurar a vantagem. Receoso, o Penafiel colocou onze homens atrás da bola, o Paços cresceu e teve o prémio nos momentos finais.

Emoção... depois de um longo bocejo

Tudo isto numa segunda parte emocionante. E faz sentido sublinhar a segunda parte, sobretudo considerando que os primeiros 45 minutos se traduziram num longo bocejo. A primeira parte do Paços de Ferreira - Penafiel só fez levantar a pestana das bem compostas bancadas do Estádio Capital do Móvel quase em cima do intervalo. Graças sobretudo a Sérgio Oliveira, que primeiro (aos 36') ganhou um ressalto, entrou na área e deixou de calcanhar para Hurtado, que rematou contra a defensiva duriense, e depois (aos 41') num remate fortíssimo de longe, com a bola a passar perto da baliza. Entre uma coisa e outra, um erro de Seri (aos 39'), que perdeu a bola no meio-campo defensivo, quase ofereceu o golo a Guedes, que rematou fraco e cruzado para as mãos de Rafael Defendi.

Acabaram por ser os segundos 45 minutos a aquecer a tarde fria da Mata Real, que acabou em festa... O Paços não baixou os braços com as adversidades que as incidências do jogo lhe trouxeram, funcionou como um rolo compressor à medida que o tempo passava e no final mereceu dar a volta ao jogo. Três minutos, dois golos, uma reviravolta... Com tudo isto, o duelo do Vale do Sousa só podia acabar em festa para os três mil adeptos caseiros, que "acordaram" quase no final com tanta alegria que o estádio subitamente até parecia ter ficado lotado... E com um ambiente efervescente, como nos dérbis dos grandes.