Foram pouco mais de quinze minutos à Benfica, mas Rui Vitória estreou-se no Estádio da Luz com uma goleada ao Estoril (4-0) que esconde as muitas hesitações que o regresso ao 4x4x2 deixou transparecer em boa parte do jogo. Com Pizzi e Ola John titulares, o Benfica sentiu muitas dificuldades diante dos atrevidos canarinhos e só conseguiu impor a sua lei depois das entradas de Talisca e Victor Andrade que abanaram claramente com o jogo que terminou com quatro golos nos últimos dezassete minutos.
 
Confira a FICHA DO JOGO
 
Rui Vitória regressou ao 4x4x2 para a sua estreia na Luz, prescindindo de Talisca, para juntar Mitroglou a Jonas no ataque, num onze que contou com quatro alterações em relação ao jogo da Supertaça. A começar pela defesa com Luisão e Eliseu a recuperarem a titularidade em detrimento de Jardel e Sílvio. No meio-campo, Pizzi rendeu Samaris para um meio-campo supostamente mais ofensivo.
 
O Benfica assumiu desde logo a iniciativa do jogo, procurando explorar os flancos, com Nélson Semedo e Eliseu a subirem junto à linha, permitindo que Ola John e Gaitán ocupassem zonas mais interiores do campo, no apoio ao ataque que, com Pizzi bem adiantado, nas costas dos dois avançados, tinha muita gente na zona central. Mas depois faltavam espaços, com o Estoril bem fechado, com Afonso Taira a fechar bem o miolo, bem junto aos centrais dos canarinhos que esta noite jogaram de branco.
 
O Estoril fechava-se bem e, sempre que podia, saía a jogar, sem medo, de pé para pé, procurando explorar os muitos espaços que o Benfica deixava em aberto. Num desses lances, aos onze minutos, ficou registado o caso do jogo, com Bonatini a ganhar uma bola e a ultrapassar Luisão em velocidade para depois cair já em plena área, depois de um encosto do capitão do Benfica. Fabiano Soares protestou de forma veemente, mas Tiago Martins nada assinalou. É a tal questão da intensidade.
 
O Benfica voltava à carga, sempre com muita gente na zona central, mas o Estoril, com Babanco e Chaparro também muito solidários, ia fechando portas atrás de portas. Jonas esteve perto de marcar, com uma cabeçada em jeito, a passe de Gaitán. Logo a seguir é o brasileiro que faz uma assistência perfeita, mas o Mitroglou deixa a glória passar ao lado, com um pontapé nas orelhas da bola. Era o melhor período do Benfica que, com um Jonas muito interventivo, a vir buscar jogo atrás, conseguia finalmente abrir brechas na defesa do Estoril. Mitroglou chegou a colocar a bola nas redes de Kieszek, lançado por Gaitán, mas o grego estava em posição irregular.
 
O Estoril reorganizou-se e respondeu na mesma moeda, com Babanco, primeiro, e Bonatini (sempre muito ativo), a obrigarem o Benfica a recuar. Apesar do contante apoio dos adeptos, o Benfica hesitava e falhava muitos passes. Rui Vitória pedia calma aos jogadores. Gaitán e Jonas iam conseguindo abrir espaços, mas o maior problema do Benfica estava na direita, com Ola John em permanentes derivações para o centro a perder muitas bolas. Num cruzamento de Eliseu surgiu a melhor oportunidade do Benfica na primeira parte, com Gaitán, sempre ele, a amortecer para o remate em esforço de Luisão à barra. Mas a última palavra antes do intervalo seria mesmo do personalizado Estoril, num rápido contra-ataque a surgir de uma mau passe de Luisão. Bonatini correu meio campo com a bola e obrigou Júlio César a aplicar-se para evitar o golo. Na recarga Sebá ainda atirou por cima.


 
Rui Vitória não fez alterações ao intervalo, na esperança que Pizzi acordasse para o jogo e o Estoril voltou a ameaçar as redes de Júlio César com Bonatini a cruzar da esquerda para a finalização de Sebá, com a bola a ir caprichosamente ao encontro do punho do guarda-redes brasileiro. O Estoril continuava a jogar de cabeça bem levantada, sem tremer perante as investidas do Benfica. Jonas desperdiçou duas oportunidades consecutivas, mas o jogo estava agora claramente equilibrado, com os canarinhos, sempre com muita calma, a responderem sempre que podiam.

Muda tudo ao som do samba
 
Rui Vitória esperou até à uma hora de jogo para mudar. Duas alterações de uma assentada. Saíram Ola John e Pizzi, que pouco ofereceram ao jogo, para entrarem os brasileiros Talisca e Victor Andrade, a novidade na convocatória, depois de ter começado a temporada integrado na equipa B. Talisca deu logo nas vistas na primeira intervenção, com um arriscado carrinho em plena área a desarmar Bonatini.
 
Os minutos corriam céleres, Rui Vitória desesperava, mas o quadro modificou-se num ápice, com o Benfica a marcar quatro golos nos últimos dezassete minutos de jogo. Gaitán, mais uma vez o melhor do Benfica em campo, quebrou o gelo com um cruzamento perfeito para a finalização de Mitroglou de cabeça. O estádio, com 53.285 espectadores, veio abaixo. O Estoril quebrava logo depois de Anderson Luis, que tinha estado impecável na defesa do flanco, ter cedido o lugar a Mattheus.

Mas havia mais para festejar. Logo a seguir, remate forte de Talisca e mão de Mattheus na área. Golo de Jonas desde a marca dos onze metros. O Estoril caía como um baralho de cartas. Mais um bom lance do Benfica, cruzamento de Victor Andrade e mais um golo de Jonas, também de cabeça. Em apenas oito minutos o Benfica marcou três golos e pôs o estádio a cantar «o campeão voltou».
 
A fechar a festa, mais um grande golo. Nélson Semedo combina com Victor Andrade que mete em Gaitán que, com um toque de calcanhar, destaca o jovem lateral que atira a contar com o pé esquerdo. Um bom prémio para o jovem lateral que cresceu a olhos vistos depois da entrada do novo companheiro do corredor.
 
Depois de muitas hesitações, o Benfica acaba em festa com um resultado que esconde o que se passou em boa parte do jogo, sobretudo, a boa exibição do Estoril.