Após cinco derrotas consecutivas em casa, o Arouca voltou a pontuar perante o seu público para a Liga (1-1). O empate diante do Moreirense não agradará plenamente pela forma desenfreada com que procurou a vitória, sobretudo no segundo tempo, mas perto do fim também houve uma grande penalidade desperdiçada pelos cónegos, que lhes poderia ter valido o triunfo. Assim vistas as coisas, um ponto acaba por não ser tão mau para os dois lados.

A história de cada campeonato também se faz de relatos de sobrevivência daqueles que procuram fugir a sete pés aos últimos lugares. Com isso em mente, no tabuleiro do jogo que opôs o Arouca ao Moreirense, dispuseram-se duas equipas com estratégias bem distintas, os locais a assumirem a bola diante de um adversário que procurava explorar os espaços que daí poderiam advir, mas com o mesmo foco, o de sair da 24.ª jornada a respirar melhor na Liga.

Sem grandes oportunidades para contar, a primeira meia hora foi um exercício exploratório das debilidades alheias. O Moreirense foi quem primeiro encontrou um desequilíbrio, ao minuto 12, que a velocidade de Yan Matheus potenciou. No entanto, o avançado, isolado perante Victor Braga, rematou ao lado.

Do outro lado, Pasinato facilitou com os pés, entregou a bola a Bukia, que tentou assistir de trivela para o golo de André Silva, mas a defesa dos cónegos estava lá para retificar a imprecisão do seu guarda-redes.

Mais interessado em fazer passar o tempo, tática que até ao presidente do Arouca, Carlos Pinho, hoje no banco, incomodou, ao Moreirense saiu uma espécie de jackpot em cima do intervalo. Não só se adiantou no marcador, com muita felicidade à mistura, por Yan Matheus, como viu, na resposta, Pasinato travar com os pés um remate com selo de golo de Kouassi.

Os fantasmas dos últimos jogos em casa, onde não pontua desde novembro, voltavam a assombrar o Arouca. Ao intervalo, a música que ajudou a eternizar o filme “Armagedon”, a sublime “I don't want to miss a thing” dos Aerosmith, pedia como que um herói para um filme que se complicava a olhos vistos para a equipa da casa, e ele chegaria mesmo, perto do fim.

Antes, na última participação que teve no jogo, Rafael Martins quase capitalizava uma hesitação da defesa arouquense, mas Victor Braga estava atento.

O jogo enrijecia, cada bola tornava-se uma sentença e o discernimento evaporava-se por entre o muito suor que ficava em campo. Que o diga Fábio Pacheco, lançado ao intervalo e expulso 20 minutos depois. Ou David Simão, Pité e Quaresma, que em boa posição, à entrada da área, remataram para bem longe da baliza de Pasinato.

Ainda que sem grande organização, o Arouca lá foi empurrando o Moreirense para junto da sua área e conseguiu mesmo empatar, pelo recém-entrado Bruno Marques, mas os velhos fantasmas voltaram a assombrar os arouquenses no lance imediatamente seguinte, quando Galovic cometeu penálti sobre Derik Lacerda. Indiferente a qualquer fenómeno sobrenatural, Victor Braga assumiu o papel de herói e parou o remate de Ibrahima.

As bancadas explodiram, em júbilo, e tentaram empurrar o Arouca para a vitória nos minutos que restavam. A equipa bem que tentou dar-lhe esse prazer, mas o coração sobrepôs-se sempre à razão e o empate perdurou até final. A luta continua para ambas as equipas, e promete ser dura.