FIGURA DO JOGO: Ricardo Velho

Remates fora da área, cabeceamentos, cruzamentos, recargas. Foi uma exibição soberba de Ricardo Velho. Aliás, por vezes, faltam até os adjetivos para este «leão» de Faro, de 25 anos. Como tive oportunidade de escrever aquando da visita do Farense ao Casa Pia, a época dos algarvios permanece, em boa parte, alicerçada no talento de Ricardo Velho. Esta tarde, a turma de José Mota poderia, até com naturalidade, pelo decorrer do encontro, ser goleada em Arouca. Todavia, o guarda-redes só não travou o impossível, ou o inevitável.

Com outras unidades na frente – até porque Marco Matias e Zé Luís foram ineficazes, e Bruno Duarte apenas despontou no final – o resultado poderia ter sido diferente. Poucos são os guardiões capazes de «secar» o trio espanhol. Ricardo Velho, apesar do desaire do Farense, continua a somar pontos entre os melhores da Liga. Se o verão trouxer novidades, apenas será o prémio para uma autêntica muralha, com talento para outros voos.

Em todo o caso, desengane-se se acha que este foi jogo de destaque de apenas um guarda-redes. Já lá vamos.

MOMENTO DO JOGO: aproveitar o despontar da reação para sentenciar o jogo

Quando José Mota apostava em assumir o controlo do jogo, reforçando o ataque, Cristo González marcou, culminando novo contra-ataque letal. Tanto espaço em meio-campo ofensivo é prado para estes «lobos». David Simão lançou Mújica, que beneficiou de um corte incompleto do adversário, e serviu Cristo. Portanto, quando o «leão» se preparava para atacar, o «lobo» deu a estocada no encontro.

A turma de Daniel Sousa não se importa de não ter a posse, desde que consiga contra-atacar e ser letal. Curiosamente, o Arouca foi muito mais eficaz quando abdicou da iniciativa de jogo. Apesar da tarde de «seca» de Mújica e Jason, Cristo compensou.

O timoneiro dos «lobos» tem motivos para sonhar, com esta equipa, ou, quiçá, com outros patamares.

Reveja, aqui, a história desta partida.

Outros destaques:

Cristo González:

Faz o segundo golo, após inúmeras tentativas no primeiro tempo. No lance mais facilitado pela defesa contrária, o avançado aproveitou para assinar o 12.º golo e acenar a eventuais interessados. Em todo o lado, ora a construir na transição, ora a cruzar, ora a enervar os adversários, ora a rematar. É homem para todos os momentos do Arouca e uma peça crucial nesta matilha.

Mújica:

Apesar da tarde menos conseguida, o espanhol assistiu para o segundo golo. Portanto, despojados de teimosias, o ponta de lança entendeu que hoje não ia marcar, pelo que trabalhou pela equipa.

Em todo o caso, Mújica terá que dar mérito a Ricardo Velho. E foi isso que se viu na primeira parte, quando o espanhol cumprimentou o adversário, com um sorriso amarelo.

Tiago Esgaio:

A voz da tranquilidade. O cabeceamento certeiro e indefensável tranquilizou os «lobos», em cima do intervalo. Aliás, mudou por completo o rumo do encontro. Um momento ímpar na partida, e, como tal, decisivo.

Arruabarrena:

Ricardo Velho esteve em grande destaque. Mas o uruguaio não ficou atrás. Por força do rumo do encontro, Arruabarrena suou menos, mas agigantou-se quando foi chamado a intervir. Aliás, evitou o 0-1 nos primeiros remates do Farense, ante Marco Matias e Zé Luís.

O Arouca conta com um plantel muito bem construído, e agora mais bem potenciado e trabalhado. O guardião uruguaio continua a somar exibições felizes e consistentes. A dúvida é uma: continuará em Portugal?

Marco Matias e Zé Luís:

Ineficazes. Protagonistas das principais oportunidades do Farense, duas para cada, acusaram a pressão no momento de finalizar. Poderiam ter inaugurado o marcador. Mais tarde, falharam o empate. Em ambos os momentos, o Arouca respondeu com golos. Matéria a rever para os avançados de José Mota.

Bruno Duarte:

Desde cedo foi clara a intenção do Farense. Lançar Bruno Duarte nas costas dos defesas contrários. Mas, o Arouca percebeu a estratégia e frustrou o avançado, que não foi capaz de encontrar soluções. Por isso, quando a partida parecia já terminada, conseguiu reduzir, no único momento de apatia dos anfitriões. Poderia ter sido decisivo se o conseguisse mais cedo, mas esta tarde foi clara a falta de sintonia entre o meio-campo e o ataque do Farense.