Aos 23 anos, Rúben Pinto vive atualmente um momento de afirmação no futebol português. Ao serviço do Belenenses, o médio soma já 20 jogos como titular nas várias competições. No Restelo tem sido aposta de Sá Pinto, contrariamente ao que aconteceu no Benfica.

Na travessia da Luz, Rúben foi capitão nos vários escalões de formação, desde os iniciados aos bês. Em 2011 foi-lhe prometida uma oportunidade, mas nunca conseguiu afirmar-se na equipa principal.

Ao Maisfutebol, o jogador falou da sua história no Benfica. No passado houve um Jesus e o futuro «a Deus pertence». Agora, Rúben está apostado em contrariar aqueles que o fizeram embarcar noutras viagens.

 
O Rúben é produto da formação do Benfica. Em mais de uma década chegou a capitão do Benfica B, mas nunca conseguiu estabelecer-se na equipa principal. Porque nunca conseguiu afirmar-se?
No ano em que fiquei na equipa A não fui aposta do mister, porque cada treinador tem a sua ideia. Não vamos tirar mérito ao mister Jorge Jesus, porque é um grande treinador, mas cada treinador tem as suas ideias, e não fui aposta dele. Espero um dia contrariá-lo, e fazer com que ele veja que, se calhar, até poderia ser uma aposta. Mas também tinham um plantel com uma qualidade imensa e é normal, era o primeiro ano de sénior e estava em fase de adaptação. Mas foram muito bonitos os anos que passei no Benfica, e estou muito agradecido, porque se não fosse o Benfica eu não estaria aqui. Foi um orgulho enorme ter sido capitão desde os iniciados até à equipa B.

Quando em 2011 Rui Costa anunciou que o Rúben e mais três jogadores iam fazer a pré-época com o plantel principal, acreditou mesmo que poderia ser aposta de Jorge Jesus?

É claro, todos os jogadores acreditam e trabalham para isso. Mas já faz parte do passado e agora vou lutar pelo Belenenses e dar os meus 200 ou 300, o que seja preciso por este clube.



No Belenenses reencontrou Miguel Rosa, que era outro dos quatro jogadores. Quando estão juntos ainda falam disso?
Não, porque um jogador de futebol não deve olhar para o passado, porque o futebol vive do presente e futuro. Do passado podemos lembrar-nos mas pouco ou nada vai contar. Temos de trabalhar para contradizer a aposta que não foi feita, e é para isso que ambos trabalhamos. Não sinto mágoa, há sim uma vontade enorme de ser melhor todos os dias para mostrar que poderia ter tido uma oportunidade, ou poderei, nunca se sabe o futuro, é isso que sinto, que tenho de trabalhar para sentirem que poderia ter sido uma aposta.



Reencontrou também Carlos Martins, com o qual jogou na equipa B.
Sim. Sempre tivemos uma boa amizade fora do campo também, e não só pelo que joguei com ele, porque todos sabem que é um grande jogador, um dos grandes jogadores portugueses. Foi muito bom tê-lo encontrado porque é uma grande pessoa e ajudou-me na fase de adaptação aqui ao Belenenses.

Acha que o Benfica aproveita melhor a formação agora?
Sim, mas como disse, na minha altura não havia equipa B e isso é muito importante, foi muito bem pensado. Agora é normal que se aproveite mais a formação, porque os jogadores começam a aparecer mais, a maturidade é outra, porque se joga contra jogadores já feitos. É normal que se aproveite mais do que há uns tempos.

É mais importante a equipa B ou o treinador em si?
É 50-50. O treinador é sempre o mais importante, mas a equipa B ajuda bastante. Na segunda divisão são jogos muito renhidos, com muito confronto físico e que exige muita mentalidade, e é esse clique que o jogador deve ter.

Se lá estivesse agora, acha que teria mais oportunidades?
Acho que sim, poderia ter tido mais oportunidades, mas o caminho é para a frente e eu estou feliz aqui.

Espera um dia regressar ao Benfica?
Como qualquer jogador, gostaria de representar o Benfica. Pelo que lá passei, claro que tinha uma vontade enorme. Mas sinto-me feliz aqui. O futuro a Deus pertence, e cabe-me a mim trabalhar para um dia chegar a um Benfica ou a outro clube europeu.