O que torna os génios especiais é que são raros.

Poucas gerações podem orgulhar-se de ver um Fernando Chalana jogar.

Assim, todas as homenagens são curtas para tamanho talento futebolístico.

Três dias após a perda do «Pequeno Genial», as homenagens continuaram. Agora no relvado, onde Chalana se fez Príncipe maior de um clube que teve um rei e vários herdeiros da mística encarnada.

Raros foram os que chegaram tão perto do trono de Eusébio como Chalana.

Por isso, o minuto de silêncio antes do Casa Pia-Benfica encheu-se de aplausos. O minuto dez foi pautado por vénias e mais de 60 segundos de ovação. E as camisolas encarnadas tiveram todas inscrito o nome que se fez mito no Estádio da Luz: Chalana.

Mas os génios são raros.

E nem sempre o futebol é mágico como era nos pés do antigo camisola 10 do Benfica.

Diante do Casa Pia, o Benfica fez várias homenagens a Chalana. Mas na semana em que perdeu o «Pequeno Genial», faltou-lhe também o génio em campo. Faltou inspiração, rasgo e imprevisibilidade.

Contra um muito competente Casa Pia, que não veio a Leiria para entrar na festa, mas que só criou perigo em transição, à falta do génio, houve entrega. Houve esforço. E uma força maior a empurrar da bancada.

O único golo do jogo, apontado por Gonçalo Ramos – quem haveria de ser? – foi a imagem do jogo. Esforço de Rafa para se libertar do adversário direto e raça para conseguir cruzar antes de a bola se perder pela linha de fundo; depois, mais esforço de Gonçalo Ramos na luta com Vasco Fernandes na pequena área e entrega para ainda conseguir empurrar a bola para a baliza.

E um suspiro nas bancadas.

Não daqueles que tantas vezes Chalana provocou com as suas fintas dignas de génio. Um suspiro de alívio pelos três pontos conquistados.

Às vezes, pode ser o esforço a homenagear o génio.

Foi assim esta vitória para Fernando Chalana. O «Pequeno Genial».