As máquinas custam a engrenar.

Não é num estalar de dedos que tudo volta ao normal. Afinal, foram quase três meses de paragem. De preocupações e incertezas, fora e dentro de campo. Questões diretivas, mudanças de estádio, rescisões.

Era difícil ver o futebol no seu esplendor. Sobretudo entre duas equipas que, mais do que jogar bem, precisam nesta altura de pontos.

O talento deu lugar à (muita) luta. Contudo, se pouco engenho houve, assistiu-se a arte nos momentos decisivos na Vila das Aves, onde já não moram Beunardeau e Welinton, que saíram do plantel em abril.

Por isso, Nuno Manta deu a segunda titularidade da época a Szymonek. Foram mesmo nas balizas duas das grandes novidades: Hervé Koffi voltou a ser aposta de Petit, na vez de André Moreira, após a copiosa goleada por 7-1 sofrida aos pés do Sp. Braga, no Jamor, em janeiro.

Um, dois, três… 11 minutos e golo. Autogolo, atribuído pela Liga, apesar do belo gesto técnico de Marco Matias. O primeiro ato de arte entre as bancadas vermelhas despidas. Nilton Varela cruzou e o experiente extremo apareceu na cara de Szymonek para abrir a contagem. A bola bateu nos pés do brasileiro e entrou após bater no poste.

A equipa de Nuno Manta não esboçou grande reação pelo empate. E o técnico teve razões para ficar desolado ao minuto 39. Sentado no banco, de cara caída e mãos nas penas. Sensação de impotência face ao golaço de Silvestre Varela.

A jogada até começou aos repelões, o extremo dominou mal, mas conseguiu rodar e ter espaço suficiente para colocar a bola “na gaveta”, com um remate em zona frontal.

Na segunda parte, Manta lançou Banjaqui e José Varela ao ataque. Deixou Afonso Figueiredo e Pedro Delgado no banco. Mais tarde, Marius. Mas pouco mudou.

Nos lances claros, foi mesmo o Belenenses a ficar mais perto do terceiro golo do que o Aves de reduzir. A exemplo, Szymonek fez a defesa da noite a cabeceamento de Cassierra (59m).

Havia mais meia hora para jogar. O Aves lutou. Correu. Suou. Melhorou na segunda parte, mas não acertou com a baliza. A pontaria que tanto precisa pela salvação. Se o Paços pontuar em Vila do Conde, no domingo, a permanência fica mais longe e com menos uma jornada pela frente. Para já, está a nove, mas pode ficar a dez ou a 12. O calendário aperta. E ainda há, por exemplo, Benfica e FC Porto pela frente.

Os três pontos voam para a capital, onde o Belenenses fica mais perto da realidade do objetivo. Cola-se ao V. Setúbal no 12.º lugar, com 29 pontos.

[Nota informativa aos leitores: única e exclusivamente pela limitação do número de pessoas presentes no Estádio do CD Aves, o Maisfutebol não pôde estar presente no recinto, para a cobertura jornalística do jogo, tal como é hábito em todos os encontros da I Liga].