Figura: Seferovic

Se há um mês alguém dissesse que iria ser o avançado suíço a decidir o Clássico com o FC Porto, provavelmente seria apelidado de maluco. Mas a verdade é que foi isso que aconteceu, num merecido prémio para um jogador que se fartou de trabalhar e a quem faltou melhor acompanhamento para aproveitar aquilo que de bom foi fazendo. Na primeira parte, sozinho, deu muito trabalho aos centrais do FC Porto. Quando recuava para receber e tabelar com os companheiros criava muito espaço nas costas da defesa portista.

Momento: um canivete suíço para desatar o Clássico (61')

Tinha decorrido uma hora de jogo e a partida estava fechada como no início. O cofre das ideias de jogo parecia impenetrável e tudo era feito em esforço. E foi assim que Gabriel recuperou uma bola a meio-campo, bombeou para o ataque onde Pizzi ganhou de cabeça e assistiu Seferovic que de pé direito, no único remate que fez, marcou o golo que dá a liderança às águias.

Outros destaques

Gabriel: a presença do médio brasileiro em campo acrescenta critério com bola ao jogo do Benfica. Gabriel sabe quando contemporizar, quando progredir e quando soltar. É ele quem recupera a bola e lança Pizzi para este assistir Seferovic para o único golo do jogo. Dois minutos antes, tinha obrigado Casillas a uma excelente defesa, com um remate de pé esquerdo à entrada da área.

Ruben Dias: a jogar com um companheiro com quem ainda não tinha feito dupla em jogos oficiais, o central respondeu da melhor forma à expulsão em Atenas. Na primeira parte limpou todas as jogadas de possível perigo do FC Porto, sem se preocupar em jogar bonito, a preocupação foi sempre afastar a bola. Pareceu talvez demasiado preocupado em cobrir espaços que não eram do seu raio de ação, mas nunca descurou o seu lado. Fez uma das melhores exibições que já se lhe viram. Sempre certinho e sem despiques desnecessários.

Rafa: a entrada do extremo português foi uma pedrada no charco de futebol parado que estava a ser o Clássico. Na primeira intervenção, arrancou um cartão amarelo a Herrera e avisou logo ao que vinha. A sua ausência do onze titular foi uma meia surpresa, com Rui Vitória a dar preferência à maior capacidade defensiva de Cervi, mas foi Rafa a inscrever o seu nome entre os melhores do jogo.

Lema: com a lesão de Jardel e a expulsão de Conti na partida com o Desp. Chaves, não havia grandes alternativas à titularidade do central argentino ex-Belgrano, pelo que a estreia a titular, logo num Clássico, não surpreendeu. Sabendo da falta de rotinas do adversário, Sérgio Conceição colocou sempre um homem para lhe atrapalhar as ações, mas era quando o FC Porto procurava a profundidade pelo lado de Lema que as limitações do central sobressaiam. Foi assim que Marega lhe arrancou um cartão amarelo logo à meia-hora. Na segunda parte parecia ter acalmado, mas acabou expulso a sete minutos dos 90 numa entrada imprudente sobre André Pereira.