Começou como cinema mudo, com o silêncio de Conceição na conferência de imprensa. Pareceu quase um remake do drama de há 15 dias no Dragão – ou filme épico para o Gil Vicente –, quando o FC Porto marcou cedo e precisamente ao minuto 27 – tal como Navarro – Tiago Gouveia fez o empate. Acabou como um thriller, com um penálti para cada lado, com o público a roer as unhas e a levantar-se da cadeira à medida que o fim se aproximava.

Em vésperas da grande cerimónia dos Oscars, o Dragão viveu uma noite de emoções fortes, mas o FC Porto acabou por vencer o 3-2 e encurtar à condição, para cinco pontos, a distância para o líder Benfica.

Mas, puxando a fita atrás: a vida está cara, há milhões para ganhar para a semana. Vai daí que Conceição decidiu poupar. Uribe, Pepê, Taremi e o recuperado Galeno ficaram no banco. Marcano castigado não pôde ir a jogo – tal como Joãozinho do lado contrário – e Fábio Cardoso entrou para fazer companhia no eixo da defesa a Pepe, com David Carmo a ficar no banco.

Essa foi uma das alterações, a outra foi o regresso de João Mário após cumprir castigo para o lugar de Rodrigo Conceição.

Com Namaso e Toni Martínez na frente num 4-4-2 o ataque carburou e logo aos 9m Grujic surgiu lá na frente para cabecear para o golo, após um desvio do avançado espanhol.

A verdade é que o 4-1-4-1 montado por Ricardo Soares não se desmanchou com a desvantagem e o Estoril chegou com perigo lá à frente. Marcou aos 27m, mas quatro minutos bastaram para a «traição» de André Franco, que surgiu na área para emendar um remate ao poste de Namaso, após passe de Toni Martínez.

Suspense até final, mas sem «plot twist»

Ao intervalo o FC Porto tinha o dobro da posse de bola (67%-33%), mas o Estoril quase equilibrava nos remates (5-4). Conceição tirou o amarelado Grujic para lançar Uribe, mas a segunda parte começou azarada para João Mário, forçado a sair com uma lesão aparentemente grave.

Mais azar para os campeões nacionais só aos 67m quando Pepe cortou com a mão um remate de João Carvalho e Francisco Geraldes fez o empate de penálti e de seguida resolveu incendiar os ânimos. Provocação para a bancada no festejo, de mãos nos ouvidos, respondida com uma chuva de objetos e Pepe a tirar satisfações.

Suspense até final, porém, não haveria «plot twist». Seria Taremi a ouvir por último os aplausos da plateia. O iraniano, tal como Galeno, entrou aos 69m, e quatro minutos depois conquistou o penálti que haveria de converter para o 3-2 final.

Em vantagem, Conceição lançou Pepê por Namaso e mudou para um mais conservador 4-2-3-1.

O filme, porém, não acabaria aqui. O thriller do Dragão duraria até aos créditos finais.

Com Gamboa a falhar o empate para o Estoril de baliza aberta a um minuto dos 90 e Geraldes a ser expulso já nos descontos, aplaudindo ironicamente a bancada depois de ter visto o segundo amarelo por entrada sobre Otávio.

Um final escusado num triunfo sofrido mas merecido dos dragões que pressionam o Benfica, antes da visita ao Marítimo, que está na zona do play-off de descida e tem como adversário mais próximo acima o Estoril, com seis pontos de «conforto» mas numa zona perigosa da tabela.

Para os dragões segue-se o Inter, na próxima terça-feira, e uma desvantagem de 1-0 para reverter para chegar aos quartos de final da Liga dos Campeões.

Sem Otávio, castigado, provavelmente sem João Mário, lesionado, e com Evanilson ainda em dúvida, o FC Porto terá de mostrar bem mais do que nesta sexta-feira e apresentar a sua melhor versão europeia.