Depois de quebrado o silêncio, depois das alegadas ameaças de bater com a porta, depois de dois nulos amargos (com Inter e Sp. Braga), o FC Porto voltou da paragem das seleções e venceu o Portimonense, na 26.ª jornada da Liga, recuperando o segundo lugar da tabela e restabelecendo em 10 pontos a distância para o líder Benfica.

Com seis lesionados, Conceição apresentou um guarda-redes e um quarteto defensivo com jogadores que no início da época eram suplentes ou nem isso. A título de exemplo, Cláudio Ramos estreou-se a titular nesta edição da Liga e Manafá regressou quase 16 meses depois à titularidade.

Era um dragão em parte alternativo, mas destinado a cumprir a tradição de vencer o Portimonense. São agora 17 vitórias seguidas, desde 1988/89. Ainda assim, a vitória não foi triunfal. Foi feita em sofrimento, como outras dos campeões nacionais nesta temporada.

No papel, Conceição queria dominar. Otávio juntou-se a Uribe no meio, Galeno e Pepê surgiram pelas alas e Taremi e Toni Martínez apareciam lá na frente. Em cinco minutos, dos 14m aos 19m, o espanhol tentou por três vezes sem sucesso um golo que só haveria de aparecer à meia-hora de jogo: Fábio Cardoso apareceu na área para de cabeça fazer o único golo da partida – e o seu terceiro com a camisola portista.

Mesmo a perder, Paulo Sérgio não mexeu no 5-3-2 até ao intervalo e até quase tirou dividendos, quando Cláudio Ramos saiu da baliza e Welinton falhou o empate por centímetros.

A segunda parte aparentou ser mais tranquila para os dragões quando Pepê isolou Galeno, que atirou para o fundo da baliza à saída de Nakamura. O problema para o FC Porto é que o árbitro Miguel Nogueira e o VAR Hélder Malheiro descobriram uma falta de Toni Martínez sobre Diaby momentos antes e anularam o lance.

A intranquilidade continuaria até ao fim. Nem com a expulsão de Lucas Ventura, por segundo amarelo, aos 71m, os portistas respiraram fundo.

Sucederam-se as precipitações, as perdas de bola… E o estádio suspirava a cada lance. Para lá dos suspiros e da falta de inspiração, houve transpiração. Isso nunca falta.

O dragão desta noite foi de gala, da ópera e da orquestra sinfónica. Foi um dragão operário.

Personificado no trabalho incansável de Toni Martínez lá na frente e no voluntarismo com direito a bónus de produtividade de Fábio Cardoso, a honrar a mítica camisola 2.

Para lá do resultado, houve notas positivas: como a estreia absoluta do nigeriano Abraham Marcus pela equipa principal ou o facto de Wendell, Galeno e Taremi, todos «à bica», terem escapado ao cartão amarelo que os tiraria do jogo da Luz.

Na próxima sexta-feira, há clássico em casa do Benfica. Numa noite dessas, de festa e glamour, convirá a quem tem os galões de campeão aparecer com um traje mais clássico e não apenas de fato-macaco.