«Encontrei-o a chorar no fim do jogo e disse que na próxima semana vai ser titular. Se lhe dissesse algo diferente, estava a matar o jogador e até o plantel. Isto é um coletivo, não é ténis.»

As palavras de Petit eram para Danny Henriques, central que errou na estreia pela equipa principal, na derrota de há uma semana com o Santa Clara.

Di Stéfano disse, um dia, que «nenhum jogador é tão bom como todos juntos». Confiou no jovem que nesta e na época passada despontou nos sub-23 dos azuis, que teve no Bessa uma tarde de contrastes: abriu o marcador, viu a equipa sofrer após a sua expulsão, mas festejou a vitória por 2-1 no fim.

O Belenenses somou os primeiros pontos fora com o novo treinador, está mais longe da zona de descida e voltou a gozar longe do Jamor dois meses e meio após a vitória em Tondela, a 1 de dezembro.

Tudo começou em… Danny. O defesa foi inteligente, fugiu à marcação de Ackah e concluiu, ao minuto dez, um canto de Silvestre Varela desviado por Tiago Esgaio na área. A emoção foi visível no rosto do jovem de 22 anos, após um canto oferecido pelo Boavista, num mau atraso de Ricardo Costa para Helton.

O golo surgiu já após Show ter dado um primeiro aviso a Helton, a par de Yusupha e Carraça, o melhor do Boavista num início apático e com um cenário que Daniel Ramos não viu nos últimos três jogos: a desvantagem. Quando isso aconteceu já com o novo técnico, ante o Famalicão e Rio Ave, não houve capacidade de reverter. E não haveria novamente, apesar do golo no fim e da superioridade numérica.

Boavista-Belenenses: toda a reportagem do jogo

Danny já tinha cortado um lance crucial a Yusupha antes do golo e voltou a ser decisivo ao anular Paulinho ao minuto 14. O Boavista tinha dificuldades em chegar à área e só ao minuto 27 houve clara ocasião, quando André Moreira negou o golo a Paulinho. Antes e depois, Cassierra falhou a tranquilidade. Primeiro, por culpa de uma grande defesa de Helton Leite. Já perto do intervalo, numa trivela sem nexo na cara do guardião.

O Boavista, que não conquistou um canto na primeira parte, gozou de quatro até ao minuto 51, após o reatamento. Já sem Ricardo Costa e com Cassiano lançado a jogo numa clara declaração de intenções por outro resultado, o remate de Carraça passou a centímetros do poste.

Nunca tinha estado tão bem o Boavista, mas a eficácia de Licá, após um lance de génio de Nilton Varela, a tirar quatro jogadores do caminho, dobrou a vantagem do Belenenses. Duro golpe para o xadrez ao minuto 57.

Na resposta, já após ocasião para Cassiano reduzir, Bueno rendeu Obiora e a pressão do Boavista acentuou-se quando Danny foi expulso após derrubar Cassiano à entrada da área, ao minuto 76.

Mateus rendeu Ackah e o Boavista acabou partido e totalmente ao ataque, mas o assomo final após o erro de André Moreira que ditou o autogolo de Rúben Lima não evitou o desaire. Esforço final intenso, mas inglório, a acabar com as três vitórias seguidas.

Petit foi feliz no regresso a uma casa que bem conhece. Acabou a sofrer, mas confiou no esforço final da equipa com menos um. Se lágrimas houverem agora para Danny, serão já de alguma alegria.