Rui Borges, treinador do Moreirense, em declarações na sala de imprensa do Estádio do Bessa, após a derrota por 1-0 com o Boavista, na 25.ª jornada da Liga:

«[Não foi dos melhores jogos do Moreirense, mas a equipa esteve esclarecida com bola. Não levar pontos é injusto?] É ingrato, mas o futebol é isto, um momento de inspiração muda o jogo. Um jogo que controlámos durante os 90 minutos, o Boavista com um bloco baixo, meio-campo defensivo, nós a controlar, a tentar, conseguíamos desbloquear a primeira fase de construção, mas faltou entrar em zonas de finalização com assertividade ao longo do jogo todo. Não estivemos proativos, mas sim reativos na primeira parte. Adormecemos um bocadinho, apesar do Boavista não criar perigo. Estavam sempre à espera de um ataque rápido para nos ferir, ao Agra não defendia muito o Fabiano e ficava num espaço para sair em contra-ataque.

Fomos controlando o jogo, entrámos proativos na segunda parte, pegámos no jogo, tentámos chegar à fase de criação, fomos conseguindo, mas faltou-nos qualidade no último terço, não fomos capazes nesse sentido para ferir o Boavista perto da baliza deles. Chegamos lá e não os ferimos. O jogo entra neste registo e, num momento específico, pode haver alguém num momento individual, como aconteceu, e resolver o jogo. Dar os parabéns ao Boavista, foram felizes numa inspiração individual e nós não tivemos qualidade para conseguir fazer golo. Foi isso que faltou. De resto, controlámos, tivemos bola, fizemos um jogo q.b. Bem com bola, mas sem criar situações de perigo.»

«[Como justifica a falta de ocasiões? Esta derrota pode abalar a confiança da equipa?] Não abala em nada, o nosso campeonato segue. Não tivemos qualidade no último terço, não estivemos inspirados, faz parte do trabalho, agora é trabalhar e passar confiança à equipa. O Boavista também não tem lances de perigo nem grandes aproximações, tiveram a felicidade num momento de inspiração, também já nos aconteceu em jogos que estavam bloqueados. É melhorar e continuar a acreditar no trabalho, não foi tudo mau. Apenas nesse momento de finalização é que não fomos capazes de acrescentar qualidade para desbloquear o jogo, perante uma equipa bem organizada.»

«[Saída de Castro para a entrada de Alanzinho] Tivemos posse de bola do início ao fim do jogo. Na construção temos um médio e dois interiores e, ao intervalo, pedi que o Castro e o Ofori andassem a atrair mais curtos e baixos, em vez de aproximarmos com um na construção, porque o Ofori estava a ter muita bola facilmente. Queríamos atrair os dois médios para entrar no espaço entre linhas, primeiro com o Franco, que não tem tanto essa qualidade de jogar entrelinhas e receber de costas. A substituição foi um bocado por isso. Tanto o Franco como o Castro estavam num momento equilibrado, mas o Castro poderia não aguentar os 90 minutos. Tentámos atrair com o Ofori e o Franco para abrir espaço para o Alanzinho. Numa fase inicial, ele conseguiu pegar em bolas, mas depois já vinha mais baixo. O espaço existia, tínhamos de ligar com o Alan ou com os nossos alas no momento certo, ao virem para dentro. Mérito do adversário, que é intenso e organizado, demérito nosso porque não tivemos qualidade para definir da melhor forma.»

«[Houve mais demérito ofensivo do Moreirense ou mérito defensivo Boavista?] Não gosto de tirar mérito ao adversário, mérito deles porque foram bastante competitivos e a linha defensiva, não sendo muito rápida no ataque à profundidade, foi inteligente a defender o espaço com um bloco mais baixo. Obriga-nos a ter mais qualidade na definição, com menos espaço, a tomar decisões em espaços curtos e com mais gente na aproximação. Mérito deles em perceberem de forma estratégica, a tirarem a profundidade. Os centrais têm alguma dificuldade nesse sentido. Demérito nosso porque não fomos capazes de definir, tínhamos de pensar mais rápido, muitas vezes a tomar decisões de costas e não fomos capazes de ver à frente. Na primeira parte, a circulação foi muito passiva, na segunda melhorámos e, com menos toques na bola, conseguimos desbloquear num primeiro momento, mas no último terço não fomos capazes, não tivemos inspiração e qualidade para o fazer.»