Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, respondeu apenas a uma pergunta na conferência de imprensa, após o empate (2-2) na receção ao Famalicão, na 29.ª jornada da Liga:

«[Consegue explicar o momento que a equipa atravessa, com instabilidade emocional e falta de força anímica? As entradas nos jogos não têm sido as melhores e os adeptos não ficaram nada satisfeitos] Ninguém ficou, não ficaram os adeptos, não ficamos nós do grupo de trabalho. Acho absolutamente normal os adeptos assobiarem e criticarem, faz parte. O que não achei normal é que perdemos com o Vitória e bateram palmas. Estou habituado à critica, ao assobio, faz parte e têm toda a razão, porque fizemos uma primeira parte que não estava dentro do que foi trabalhado. Mas isto é um bocadinho o resumo da época. Primeiro remate do adversário [foi golo], contra o Vitória foi a mesma coisa.

Um grupo jovem, um ambiente muito difícil de fora, tudo contribui. É habitual, já não sei do que é… penáltis que penso que são, ando nisto há 30 anos e vejo que possivelmente o de hoje do Taremi não é penálti e noutras semanas… temos tido infelicidade com a terceira equipa.

Primeiro remate é golo, vamos atrás sem discernimento e perdendo a estratégia definida para o jogo, o que tem a ver com a nossa juventude. Cabe-nos sair disto, é muito fácil bater no FC Porto, mesmo as pessoas dentro do FC Porto. É muito fácil e parece-me que, em vez de sermos uma mais-valia e juntarmo-nos neste momento… Temos um título a disputar e um fim de época para acabar de acordo com os pergaminhos do clube. E parece que anda aqui muita gente com estratégia própria e que prejudica seriamente o clube. Falo de toda a gente, incluindo a terceira equipa. Fica fácil. É um ambiente muito difícil e estas situações não são normais. O Evanilson é um miúdo que… enfim, é o reflexo do que se tem passado.

Estou aqui até que o presidente decida, a minha duração e longevidade aqui não tem a ver com os meus lindos olhos, mas com o trabalho. A partir do momento em que o presidente ache que é preciso algo mais na equipa para se acabar bem a época, está à vontade a todos os níveis. Digo isto para que os jogadores sintam. A semana de trabalho foi muito boa da parte dos jogadores, na antevisão estava muito positivo em relação ao jogo e ao ambiente que vivíamos dentro de um momento difícil. Depois, vamos para o jogo, à primeira adversidade vem tudo para cima, jogadores com receio em assumir e fica mais difícil. Ao intervalo, mudámos, falámos, viemos com uma atitude diferente na segunda parte, mesmo não tão organizados, mais com coração, mas com atitude e determinação diferentes. Conseguimos o empate com cinco ou seis oportunidades de golo. A falta de eficácia ofensiva também tem sido recorrente na época. E das poucas vezes que o adversário vai lá, faz golo. Tem a ver com tudo isso.»