43 segundos.

Foi este o tempo que o Sp. Braga demorou a derrubar a resistência azul. Moura foi em passo sorrateiro pela esquerda, Iuri reparou no colega e entregou-lhe a bola com via aberta para o golo. 1-0, terceiro golo mais rápido da história da Liga e estava feito aquele que viria a ser o resultado final.

Carlos Carvalhal queria uma entrada determinante a mostrar que o desaire no Bessa tinha sido apenas um acidente de percurso e teve-a. O golo madrugador deu ânimo aos minhotos e o conjunto apático que se vira a meio da semana deu lugar a uma equipa que trouxe a lição bem estudada para a noite deste domingo.

O Belenenses apostava nas saídas curtas, mas o Sp. Braga pressionava em cima dos defensores adversários. Os azuis não conseguiam ligar o jogo entre a linha defensiva e a linha média, os minhotos recuperavam a bola em zona adiantada e, sem tempo a perder, saíam como setas para o ataque rápido.

A mais veloz delas era mesmo Yan Couto. O vaivém constante que protagoniza no corredor faz-lhe perder a lucidez em muitos momentos e foi exatamente isso que sucedeu pouco depois do golo, quando preferiu tocar ao lado para o companheiro em vez de tentar a sorte do remate. É o hábito do cruzamento – e que bem o costuma fazer.

Do lado oposto, Francisco Moura também mostrava atributos nesse sentido. Os cruzamentos perfumados rondavam o perigo na área azul e dois laterais direitos (Carraça e Calila) eram insuficientes para o travar.

O arranque do segundo tempo foi bem diferente. Não só não houve golos a abrir, como o Belenenses adotou outra postura, mais agressiva, adiantada e vertical. A pressão alta, arma do Sp. Braga na primeira parte, era agora o trunfo dos azuis. Em pouco mais de um quarto de hora, os azuis já tinham conseguido criar tanto perigo como aquele que haviam feito nos primeiros 45 minutos. Carraça voltou a demonstrar a forma exímia como cobra os livres diretos e valeu Matheus a negar o golo ao lateral. O adepto mais desatento terá festejado golo, já que a bola esbarrou nas malhas da baliza arsenalista, mas pelo lado de fora.

A atitude dos visitantes no início da segunda parte abalou a confiança – por si só já fragilizada – dos minhotos. Do banco de suplentes, ao relvado até às bancadas, era visível a insatisfação. Carvalhal trocava as peças, os jogadores perdiam várias bolas nas saídas rápidas e ouviam-se «burburinhos» dos adeptos que ousaram sair do conforto de suas casas para assistir a uma partida de futebol numa hora tardia da noite de domingo.

À intervenção de Matheus que negou o golo a Carraça, respondeu Luiz Felipe, até então pouco visto em jogo, com a defesa da noite, impedindo o festejo de Abel Ruiz. O avançado espanhol estava endiabrado, mas a sorte não o acompanhava. Segundos depois, levou a melhor em novo duelo com Luiz Felipe, mas a bola esbarrou no poste. Em pouco tempo em campo, o ex-Barça já tinha superado a exibição do compatriota Mario González e, talvez, ganho o lugar na ausência de Vitinha.

A tensão em Braga aumentava e o resultado era escasso. Os minhotos podiam ter «matado» o jogo já em tempo de compensação, mas Chiquinho permitiu que Luiz Felipe brilhasse com uma nova defesa.

O Sp. Braga, que não vencia o Belenenses em casa há duas temporadas, quebrou a tradição recente e cavou uma distância de três pontos para o Estoril. Já os azuis, continuam sem vencer fora de portas e estão no fundo da tabela.