Quase oito meses depois, o Tondela voltou a vencer diante do seu público, sobre o U. Madeira, que fica agora à distância de seis pontos, sendo a primeira equipa acima da linha de água. Ganha fôlego a equipa de Petit, que relança a luta pela permanência quando poucos já acreditavam que isso fosse possível. Os auriverdes conquistam a segunda vitória consecutiva, algo inédito nesta sua caminhada entre os grandes do futebol nacional.

Após a injeção de moral que foi a vitória arrancada no Estádio do Dragão, os tondelenses chegavam a esta partida com vontade de dar mais uma prova de vida. E a verdade é que não podiam pedir uma melhor entrada no jogo. O Tondela, que ganhara o estranho hábito de sofrer muito cedo nas paridas em casa, aproveitou a receção ao U. Madeira para saborear o gosto de se colocar em vantagem numa fase precoce do jogo, com Pica a surgir no meio da confusão a empurrar a bola para dentro da baliza de Gudiño, logo aos sete minutos.

E a equipa beirã até nem tinha feito muito por isso, mas logrou chegar à vantagem na primeira vez que chegou à baliza, mostrando ter aprendido a lição, depois de ter passado pela situação contrária seis vezes em partidas caseiras.

Com a vantagem no marcador, o conjunto de Petit entregou a iniciativa de jogo ao adversário, explorando as rápidas saídas em contra-ataque, conduzidas por Baldé e por Wagner, que, porém, raramente conseguiram criar verdadeiro perigo para a baliza de Gudiño.

Do outro lado ia brilhando Cláudio Ramos, que levou ao desespero Farías, ao negar-lhe o golo por duas vezes. O U. Madeira apoiava-se nas subidas dos seus laterais para chegar com perigo à área tondelense, mas nunca teve arte para ultrapassar a última barreira do lanterna-vermelha.

Guarda-redes superiorizam-se aos ataques

Na segunda parte, o jogo animou, com mais jogadas de perigo junto às balizas, o que fez com que os dois guardiões se tornassem as maiores figuras da partida.

Em desvantagem, o conjunto de Norton de Matos partiu para cima do seu adversário, apoiando-se nas iniciativas de Toni Silva e Élio Martins, que deram muito trabalho aos laterais dos beirões.

Contudo, sempre que os madeirenses levavam a melhor sobre a defesa auriverde, Cláudio Ramos estava lá para mostrar o porquê de ser um dos principais protagonistas da recuperação que o Tondela encetou neste último terço do campeonato.

Apesar de ser a equipa forasteira a assumir uma maior posse de bola, o conjunto de Petit não se remeteu à sua defesa e conseguiu criar perigo em várias subidas. Tentando pressionar logo à saída da área madeirense, os tondelenses ganharam algumas bolas que só não tiveram sucesso devido a más opções na hora de decidir – como quando Hélder Tavares decidiu rematar, tendo Wagner em boa posição à direita.

Mas se a vantagem tondelense não se dilatou, o conjunto de Norton de Matos também pode agradecer a Gudiño que, aos 72', negou o golo a Wagner, com a defesa da tarde. O extremo brasileiro surgiu solto à direita e, à entrada da área, arrancou um remate que levava selo de golo, não fosse a intervenção do mexicano a negar o segundo, com uma defesa com a ponta dos dedos.

Nos últimos minutos Norton de Matos reforçou o ataque com as entradas de Miguel Cardoso e Miguel Fidalgo, na tentativa de ir em busca do empate.

Do outro lado Petit respondeu com a entrada de Bruno Monteiro para zona defensiva do meio-campo e com Tikito, nos minutos finais, a dar mais altura ao centro da defesa.

E as últimas tentativas madeirenses acabariam por esbarrar na muralha defensiva tondelense, ainda que, diga-se, tenha faltado também alguma clarividência aos unionistas que, com esta derrota complicam o que resta da temporada, com uma dose extra de intranquilidade.