Um clássico onde imperaram os tons de xadrez.

O Boavista, calculista e seguro, venceu o Vitória de Guimarães por 2-0. Um resultado que engana quem passou os olhos pelo jogo.

Os vimaranenses foram uma imagem de si mesmos: tiveram mais posse de bola, jogaram pelos três corredores e tentaram chegar à baliza de Helton de forma apoiada. A equipa minhota é de autor, não há dúvida. Faltou-lhe, ainda assim, maior agressividade ofensiva.

Pelo contrário, o Boavista é um conjunto camaleónico e perigoso nas transições. Foi-o esta noite outra vez. Os homens de Daniel Ramos sentiram-se bem sem bola e tentaram aproveitar o mínimo erro do adversário.

Ficha e filme de jogo

De resto, os lances dos dois golos são sintomáticos: recuperação de bola, dois ou três passes para chegar à finalização. Sauer fugiu na esquerda, Pedro Henrique anulou o cruzamento e a bola chegou a Carraça que atirou cruzado para o 1-0. Douglas não parece isento de culpas, atenção (23m). O 2-0 surge numa perda de Lucas Evangelista à saída do meio-campo defensivo, Paulinho deixou em Heri que fez o segundo (55m).

A intervenção do VAR no lance do primeiro golo não serve para camuflar as jogadas. Pouco elaboradas, práticas, simples e esta noite, eficazes.

O Vitória só incomodou verdadeiramente Helton Leite para lá da meia-hora. Pedrão teve um cabeceamento tímido e Lucas Evangelista viu o guarda-redes axadrezado negar-lhe o que seria um grande golo (36m).

Pelo meio houve Boavista. De poucos toques na bola e terrivelmente objetivo: pontapé longo de Helton, desmarcação de Cassiano e disparo ao lado (38m).

O 2-0 a favor dos axadrezados esmoreceu a reação vitoriana. A equipa de Ivo Vieira vivia o melhor período no encontro: Davidson ficou a centímetros do empate (52m) e, instantes antes, foi Lucas quem obrigou Helton a agigantar-se (46m). 

Ivo Vieira lançou Bonatini, Edwards e Bruno Duarte e não só pode dizer que o Vitória não tentou. Fez o suficiente para marcar, pelo menos, um golo no Bessa. No entanto, encontrou uma muralha chamada Helton Leite que travou os remates de Davidson, Pepê e Bruno Duarte nos quinze minutos finais.

O Boavista de várias ou poucas ideias ganhou a uma equipa que tem só uma ideia. O futebol é fascinante por isso mesmo.