Em confronto o conforto do lar contra a felicidade de jogar em casa. Levou a melhor a audácia forasteira avense, que arrombou a fortaleza vimaranense (0-2) e lançou-se num voo para a permanência. Funcionou em pleno a estratégia avense, continuando com índices elevados de produtividade fora de portas.

Num D. Afonso Henriques que há três meses não saboreava a derrota, e perante um histórico sem qualquer triunfo na Cidade Berço, a tarefa adivinhava-se difícil, mas o conjunto de Inácio enfrentou o desafio de frente e fez a sua estratégia funcionar em pleno.

O Desp. Aves povoou a frente da sua área, deu a bola ao adversário e colocou-se em posição de lançar flechas em direção à baliza de Miguel Silva. Entre mérito próprio e demérito do V. Guimarães, que fez um dos piores jogos da época, os golos de Derley e Baldé deram o primeiro triunfo de sempre do Aves sobre o V. Guimarães em jogos da Liga.

Convite venenoso

Exímio a jogar fora de portas, o Aves sentiu-se bem mesmo num D. Afonso Henriques que tem sido a tal fortaleza para o Vitória. A equipa de Inácio fez um convite envenenado à equipa da casa e tirou dividendos dessa estratégia.

Com um setor recuado muito numeroso em virtude do sistema com três centrais, muitas vezes apoiados pelos laterais, o conjunto avense deu a iniciativa ao Vitória. Mas tratou-se um ceder de bola cínico para cirurgicamente recuperar o esférico e lançar rápidos contragolpes.

A agressividade e velocidade de Luquinhas e Baldé fizeram o resto, causando o pânico na defesa do Vitória cada vez que a bola era bombeada para as imediações da área à guarda de Miguel Silva. Logo aos nove minutos Luquinhas fez estragos ao romper pela esquerda atraindo a equipa do Vitória, servindo depois Derley que no interior da área não teve problemas a atirar para o fundo das redes.

Fez por responder o Vitória, exponenciou os índices de posse de bola e montou o cerco à baliza avense. Faltou engenho para ir mais além e criar lances de verdadeiro perigo. Coeso a defender, o Aves não se deixou iludir pela troca de bola estéril.

Alegria avense aciona alarmes no D. Afonso Henriques

Holofotes no lado do Vitória, o Desp. Aves já tinha lançado os seus dados e estava por cima. Luís Castro operou duas alterações ao intervalo, acrescentando Rochinha e Welthon ao encontro intensificando-se ainda mais o cerco à baliza de Beunardeau.

Os efeitos práticos foram os mesmos e o filme do jogo repetiu-se. Muitos passes laterais, dificuldades de progressão e ausência de lances de perigo. Em contraponto o Aves ameaçava de cada vez que lançava para a frente. A falta de soluções levou as bancadas ao desespero e a equipa a ficar ainda mais intranquila.

Despois de falhar uma primeira oportunidade Baldé sentenciou o jogo ao minuto 67. Rodrigo trabalhou bem na direita e esperou pelo momento exato para servir Baldé, que encostou para o fundo das redes. Ultrapassa três adversários de uma vez e cava uma margem de seis pontos para a linha de água o Desportivo das Aves com uma prestação personalizada.

Das bancadas do D. Afonso Henriques saíram assobios, lenços brancos até, num Vitória a quem nada correu bem. A dez minutos dos noventa Tozé deu o golo a Guedes, mas o avançado falhou de forma incrível quando tinha a baliza escancarada. Levou o D. Afonso Henriques ao desespero e torna ainda mais negro o momento dos vimaranenses. A luta pelo quinto lugar complica-se ainda mais.

Efeito prático deste jogo: o Feirense está matematicamente despromovido ao segundo escalão.