Na corrida para a marca dos trinta pontos, o Estoril bateu o V. Setúbal ao «sprint», com mais um grande jogo de Léo Bonatini e ultrapassou os sadinos na classificação para se sentar primeiro na confortável poltrona da permanência. Um jogo disputado, sob intensa chuva, a grande velocidade entre duas formações que sustentam o seu jogo nas transições rápidas, com os canarinhos a fazerem valer-se da estrelinha do avançado brasileiro que, como Fabiano Soares já preveniu, não deverá ficar por muito mais tempo na Amoreira.

Confira a FICHA DO JOGO

Um bom jogo de futebol que rapidamente fez esquecer as baixas temperaturas que marcaram a noite deste sábado, com o jogo a aquecer logo após o primeiro apito de André Moreira. Um início de jogo frenético com as duas equipas a impor um ritmo intenso, de parada e resposta, com passes em profundidade a provocar desequilíbrios nas defesas, mas com um ascendente claro dos canarinhos que se foi tornado cada vês mais evidente com os minutos a correr.

Aos dez minutos o caso do jogo. Livre de Mattheus, Mendy salta na área com Frederico Venâncio e a bola sobra para Bonatini que, destacado, cabeceia ao poste e, na recarga, Mendy marca mesmo, mas já com o auxiliar com a bandeirola levantada. O avançado brasileiro está realmente adiantado, mas parece que foi o central do Vitória o último a tocar na bola e, nesse caso, o golo teria de ser válido, mas não foi definitivamente um lance fácil para André Moreira que, a partir daqui, foi muito contestado e acabou por cometer mais erros.

A verdade é que o Estoril, logo a seguir, chegou mesmo ao golo, amenizando os protestos das bancadas. Babanco cruza em profundidade da esquerda, Mendy, na área, atrasa de cabeça e Bonatini, com espaço, atira a contar. Estava aberto o caminho para a grande noite do avançado brasileiro. Com categoria, os canarinhos confirmavam o ascendente que resultava num meio-campo mais povoado e na mobilidade dos seus avançados, com destaque para as movimentações de Matheus e, claro está, de Bonatini. Mas o jogo estava elétrico e o Vitória procurou reagir de pronto e, no lance seguinte, novo caso no jogo. Canto da direita, Arnold desvia com o peito junto ao primeiro poste, a bola vai ao ferro e quando o avançado procurava a recarga, parece que foi atingido por Tiago Valente. Os jogadores do Vitória bem reclamaram, mas o jogo seguiu.

Seguiu outra vez com o Estoril por cima e Bonatini outra vez perto do golo, com um desvio de cabeça que enganou muitos adeptos que festejaram antecipadamente nas bancadas, mas passou ao lado. O Vitória,que via o adversário a jogar como mais gosta, em contra-ataque, não baixava os braços na procura do empate, com André Horta em plano de destaque, mas, em cima do intervalo, foi o Estoril que voltou a marcar. Grande passe de Mattheus, a colocar a bola entre os centrais e entrada fulgurante de Bonatini que surge destacado diante de Ricardo e marca como quer. Prémio merecido para a eficácia do Estoril, nas botas do incontornável brasileiro.

O Vitória tinha agora uma montanha para subir e, apesar da muita água que caiu ao longo do jogo, votou ao jogo de mangas arregaçadas, com Gorupec a abrir caminho pela ala direita e Cissé muito ativo nos primeiros instantes desta segunda parte. O avançado cedido pelo Sporting começou por atirar de cabeça ao lado, e logo a seguir, atirou, na passada, com estrondo ao poste. O Vitória dava sinais de poder voltar ao jogo, mas por outro lado, abria muitos espaços para os contra-ataque venenosos do Estoril. E foi, assim, que Bonatini completou o seu «hat-trick» no jogo,  mas desta vez teve de dividir o mérito com Gerso. O avançado guineense entrou na área em drible, tirou dois adversários da frente, e disparou para defesa incompleta de Ricardo. Na recarga, Bonatini, sempre bem colocado, atirou a contar. Era definitivamente a noite de Bonatini.

Ficava aqui quase tudo decidido, mas o jogo tinha ainda muito para contar. Bonatini voltou a pedir os holofotes, mas desperdiçou a ocasião mais clara do jogo, na transformação de uma grande penalidade, a castigar uma falta de Frederico Venâncio na área, permitindo a defesa de Ricardo, numa altura em que caía uma verdadeiro dilúvio na Amoreira. O jogo seguiu intenso e, já em tempo de compensação, Frederico Venâncio foi expulso depois de atingir Michael com o braço na área. Terminava de forma feia um grande jogo de futebol, com vitória justa do Estoril que continua a promover um Bonatini que tem o palco da Amoreira cada vez mais pequeno para a sua dimensão.

O Estoril, ao atingir a fasquia dos trinta pontos, tem praticamente garantida a permanência no primeiro escalão e pode, a partir de agora, no sétimo lugar, ambicionar a outros voos. O Vitória também está perto do mesmo objetivo, mas terá de inverter a tendência dos resultados negativos nos últimos jogos.