No final do At. Madrid-Chelsea, José Mourinho referiu que quem pensou que este seria «o jogo de uma vida» passou a ter de contar com a segunda mão em Stamford Bride, na próxima quarta-feira para jogá-lo. No final do Liverpool-Chelsea deste domingo, o treinador português retirou um pouco a carga dramática à definição do jogo da Liga dos Campeões.

O aliviar da pressão é feito já na parte final da entrevista.



«Não é o jogo das nossas vidas porque tivemos jogos semelhantes», diz Mourinho no pós- vitória por 2-0 em Liverpool. E na vida do treinador luso tem havido vários sem os quais essa vida não seria mesma, como como ele nos dá a conhecê-la – como ele voltou a mostra no final do jogo de Anfield Road.

Ao recordar alguns desses jogos da vida de José Mourinho fazemos a primeira paragem no Estádio da Luz, em 2000. A vitória por 3-0 sobre o Sporting acabou por ser o último jogo do então jovem treinador ao serviço dos encarnados.

A renovação não foi aceite pela nova direção e abriram-se as portas de Alvalade. Para onde acabou por não ir porque nem todos mostraram a mesma vontade em recebê-lo depois dos festejos que Mourinho – já à sua maneira efusiva – tinha feito aquando do terceiro golo do Benfica.

« Acontecem tantas coisas na nossa carreira que nunca se sabem, que estiveram para acontecer e não se sabem e que podem estar para acontecer por dias e também não se imagina. Eu sou sempre um defensor dos clubes, acima dos treinadores e dos jogadores. Estive a minutos de ser o treinador do Sporting, mas nunca fui», assumiu em 2013.

Os tais festejos são visíveis neste vídeo:



Os primeiros festejos de um golo a ficarem famosos no mundo inteiro – pode dizer-se – foram os que o fizeram saltar do banco em Old Trafford e correr em direção a Costinha quando o médio do FC Porto marcou o golo do empate com o Manchester United que deixou os dragões nos quartos de final da Liga dos Campeões.

Após a eliminação do poderoso Manchester United, a convicção de que o FC Porto podia chegar lá – ao título europeu – passou a ser uma realidade com a qual se passou a conviver. Ou não se estivesse na época seguinte em que outro momento que se tornou real aconteceu: a vitória na Taça UEFA 2002/03.

Para este triunfo e o regresso de uma equipa portuguesa a vencer uma competição europeia foi fundamental a eliminatória com a Lazio, onde Mourinho e os seus jogadores já tinha tido jogos das suas vidas em ambas as mãos.

Se o segundo jogo que selou a passagem à final, em Itália, ficou (também) famoso pela história que envolveu a suspensão de José Mourinho cumprida na bancada do Olímpico de Roma, mas de onde ele conseguiu que os seus jogadores fizessem em campo o que ele queria; a primeira mão (que não teve transmissão televisiva) ficou apelidada como das melhores exibições que uma equipas do FC Porto fez nas Antas.



E não se podia evitar apanhar também o autocarro que recorrentemente fazem Mourinho conduzir. A paragem em Barcelona ao serviço do Inter de Milão ficou como das mais famosas pela tática defensiva que soube guardar em Camp Nou a vitória de 3-1 no Giuseppe Meazza.

O Barça de Messi, Ibrahimovic e companhia atacou e atacou, jogou 11 contra dez. Mas não conseguiu mais do que vencer 1-0. Resultado insuficiente. Inter na final da Liga dos Campeões – que haveria de ganhar colocando Mourinho ao lado de Ernst Happel e Ottmar Hitzfeld a ganhar o troféu por clubes diferentes (Jupp Heynckes ainda não o tinha feito na altura).

E os festejos no Camp Nou do treinador português não deixaram o momento por menos.



Ele que disse após vencer o segundo título europeu pelo Inter querer «ser o único treinador a ganhar a Liga dos Campeões por três clubes diferentes». «Não estou a deixar o Inter. Estou a deixa a Itália», disse depois de vencer o Bayern e de saída para o Real, como registou o «The Guardian» em 2010. Estava de saída para o Real Madrid. Não conseguiu ganhar a décima.

Voltou a Londres. Voltou ao Chelsea. Está novamente a um jogo de ir à final da Liga dos Campeões. Entre uma mão e outra com o At. Madrid houve o tal jogo com o Liverpool, com cuja «flash-interview» demos início a esta recapitulaão. O tal jogo que foi antecedido (após o jogo de Madrid) pela possibilidade de os londrinos não jogarem coma melhor equipa e os «reds» terem caminho facilitado para vencer e ficarem mais perto do título inglês.

Sabe-se como terminou. Mourinho deu explicações nesta mesma entrevista sobre o que estava a dizer no final do jogo. Elogiando os seus jogadores e a partida que fizeram, o treinador português afirmou – sem ser claro entre os «palhaços» e o «circo» – que os londrinos celebraram como tinham de celebrar pelo que tinham conseguido. E assim o voltou a fazer José Mourinho.