* com Sérgio Pereira

Válido até 2017, o convénio assinado entre o Sporting e o Real Cartagena implica duas ideias basilares: direito de opção dos leões sobre as mais valiosas joias colombianas; colocação de dez treinadores portugueses ao serviço do emblema sul-americano.

O presidente do Real Cartagena assegura, aliás, que os primeiros passos concretos neste acordo serão dados já em janeiro.

Yesus Cabrera, um número dez de «qualidade insuspeita», ficará à disposição do Sporting; para a Colômbia segue uma equipa de técnicos liderada por José Dominguez.

«O Sporting tem opção sobre o Cabrera. Ele tem 23 anos. Fez 15 golos e 25 assistências no último campeonato. O José Dominguez observou-o e disse-me que ele tem qualidade para triunfar em qualquer clube português», diz Rodrigo Rendón, líder do Real, em entrevista ao Maisfutebol.

Alexis Escudero é outro nome em cima da mesa. Tem 17 anos e joga no meio-campo defensivo. Sobre ele, o dirigente ainda não se compromete. «Falei com o senhor presidente do Sporting sobre o Alexis, claro, mas não há qualquer decisão ainda».

Golos de Yesus Cabrera em 2013:



Em sentido contrário ao de Cabrera, sobre quem o Sporting se debruçará «nos próximos dias», seguirá um grupo comandado por José Dominguez. O antigo internacional português e ex-treinador da equipa B leonina terá a seu cargo a «profunda remodelação» do setor jovem do Real. Mas não só.

«Recebi o José em Bogotá há três meses e apresentei-lhe o nosso projeto. Vai comandar um grupo de dez treinadores portugueses, ser o treinador da equipa principal e dotar o Real de conhecimentos extraordinários», explica Rodrigo Rendón. «Vamos fazer história em Cartagena e em Lisboa».

O próprio José Dominguez olha com entusiasmo para este acordo. «Vai ser uma aventura, mas de risco calculado. Estudei todos os aspetos culturais e futebolísticos. Há um enorme potencial a explorar», sublinha o treinador português, já habilitado com o curso de IV Nível do UEFA Pro.

Na Colômbia, Dominguez tem à sua espera um «centro de treinos remodelado» e um estádio «quase novo». O Real Cartagena joga no Olímpico Jaime Morón, um recinto com capacidade para 16 mil pessoas e inaugurado em 1956.

«Para o Mundial sub-20, em 2011, o estádio foi totalmente remodelado e ficou ótimo. Portugal jogou lá contra a Argentina, nos quartos-de-final do torneio», recorda Rodrigo Rendón.

Imagens do Portugal-Argentina em Cartagena:



Porquê o Sporting? Porquê Portugal?

O presidente do Real Cartagena relata ao nosso jornal todo o processo que culminou neste convénio. «Fomos procurados por um empresário português, José Almeida. Ele contatou o Real Cartagena e mais dois clubes colombianos: o La Equidad e o Medellín. Conversámos, mostrámos abertura e o Sporting escolheu-nos».

«É um privilégio poder ter um vínculo desta dimensão com o clube que possui a melhor academia jovem do mundo», continua Rodrigo Rendón. «O Sporting formou dois Bolas de Ouro, Figo e Ronaldo, e outros talentos. Queremos exportar grandes valores colombianos para Alcochete».

O Real Cartagena é, nas palavras do dirigente, um clube «jovem» e cheio de «altos e baixos» competitivos. Em 2013 esteve na Primera B, o segundo escalão colombiano, e falhou a subida. Este «rotundo insucesso» motivou Rodrigo Rendón a reagir.

«Tínhamos de dar um passo grande, procurar a maioridade, e o Sporting é o parceiro certo. O senhor Bruno de Carvalho acha precisamente o mesmo em relação ao nosso clube e tudo vai correr pelo melhor, sem qualquer dúvida».

«O Real Cartagena foi muitas vezes vítima de Montero»

Cartagena das Índias é Património Mundial da Humanidade. Um milhão de habitantes, praias belíssimas e o desejo de bem receber. Além de tudo isto, destaca Rodrigo Rendón, Cartagena é uma cidade fadada a criar «grandes jogadores de futebol».

«Na atual seleção da Colômbia há nove atletas oriundos desta região. O próprio Fredy Montero é de uma cidadezinha próxima», brinca o presidente do Real Cartagena. «Se voltar à seleção, já serão dez».

Rodrigo Rendón trouxe Montero para a conversa e a pergunta tornou-se obrigatória. O goleador, padrinho deste convénio, foi fundamental para a conclusão do acordo?

«Ele é uma referência e tornou tudo mais fácil. Falámos e vi que está muito feliz em Portugal. É e sempre foi um marcador de golos incontrolável. O Real Cartagena, aliás, foi vítima do Montero muitas vezes em muitos jogos».

Depois de Montero, mais colombianos. O líder do Cartagena fala de «Guarín, Falcao, Jackson, Quintero» e chega a uma conclusão.

«Na verdade, Portugal e os portugueses têm sido fundamentais para a seleção da Colômbia. A seleção está no Mundial porque todos eles evoluíram muitíssimo a jogar em Portugal. O nosso propósito é repetir ao nível de clubes o ocorrido com a nossa seleção».