Enquanto prepara a equipa para a entrada em cena na Taça de Portugal, Manuel Machado lança o olhar ao futebol português e sai em defesa da arbitragem. Não se revê nos decretos que, semanalmente, colocam em causa todo o setor porque, acima de tudo, reconhece a evolução dos árbitros ao longo dos últimos anos. De resto, acredita que FC Porto e Benfica continuam a viver realidades diferentes de todos os outros emblemas e ainda aponta duas surpresas: pela positiva o Sporting e pela negativa o Paços de Ferreira. 

Este início de campeonato está a ser marcado por um elevado número de críticas à arbitragem. Como é que tem olhado para este fenómeno cada vez mais recorrente no futebol português»
«Se há algum setor que evoluiu, de forma clara, no futebol foi a arbitragem. Estou na modalidade há 30 anos e, por isso, sei bem do que estou a falar. A qualidade técnica e humana do árbitro de hoje não tem nada a ver com aquilo que se verificava há uns anos. Atualmente, o árbitro tem uma formação, técnica e humana, que lhe confere outras condições para dirigir os jogos».

A verdade é que, de fato, têm acontecido erros importantes com influência direta no resultado. Mas, por outro lado, também há equipas que ainda não estão a render o que deviam. É por este fator que ainda se centra tanto a atenção no trabalho do árbitro?
«Dou um exemplo: os possíveis erros que possam acontecer num Olhanense – Gil Vicente, ou num Marítimo - Académica, têm uma importância mínima e o problema é resolvido com duas frases. Quando ocorrem em prejuízo de um dos grandes, que investem muito dinheiro e têm uma comunicação social a fazer uma cobertura ao milímetro, assumem uma dimensão exagerada que põe em causa todo o setor. Isso não posso subscrever».

Existem dois tipos de postura nos treinadores portugueses em relação à arbitragem: uns recusam-se a comentar, enquanto outros fazem questão de apontar os erros em que se consideram prejudicados. Em qual dos dois é que se revê?
«A minha atitude, relativamente à arbitragem, tem sido a de falar o mínimo possível. Procuro ser tolerante quando os erros me prejudicam e não transformo o mínimo erro numa hecatombe. Na última temporada, em 24 jogos, falei apenas uma vez da arbitragem, no jogo em Coimbra. É uma média relativamente baixa por relação com aquilo que outros colegas fazem».

Olhando, agora, para o futebol jogado no campo, como é que analisa estas primeiras sete jornadas da Liga?
«Acho que o campeonato está muito igual ao que sucedeu na última temporada, com duas exceções. FC Porto e Benfica vão continuar a lutar, de forma clara, pelo título e depois há uma mão-cheia de equipas que vão competir, com legitimidade, por uma qualificação europeia. As duas exceções a que me refiro são o Sporting Clube de Portugal, que parece querer readquirir a grandeza desportiva que teve no passado, e o Paços de Ferreira que está a ter um mau início. Tirando esse desnível na parte superior da tabela as equipas são muito iguais».