O Paços de Ferreira venceu o Marítimo por 3-4, no Caldeirão dos Barreiros, e conquistou a primeira vitória da temporada. A equipa de Costinha saiu para o intervalo em desvantagem, mas teve alma para recuperar de dois resultados adversos e matar o jogo já perto do final. Um hino ao futebol que prova que há vida além dos grandes

Costinha e o seu Paços de Ferreira parecem viver numa verdadeira espiral negativa onde prevalece, sem apelo nem agravo, a Lei de Murphy. A lanterna vermelha, que pesa imenso sobre os ombros dos castores, não inibiu porém a equipa da Capital do Móvel, que entrou no jogo com o objectivo de tocar o céu, mas acabou por descer aos infernos pouco depois.

Ainda se ouvia o apito inicial de Hugo Pacheco e já o
red devil Bebé deixava Rúben Ferreira nas covas e aparecia cara a cara com o José Sá. O titular da baliza verde-rubra esticou-se todo e com o pé direito negou o golo ao extremo do Paços de Ferreira (1 min).

Imediatamente a seguir, na sequência de um pontapé de canto favorável aos castores, o patrão da defensiva amarela Ricardo lesionou-se, teve de sair para receber assistência, e o Marítimo aproveitou para se colocar em vantagem . A bola entrou em Derley que, depois de deixar André Leão fora do lance, atirou forte e rasteiro, aproveitando a relva molhada, para assinar o quinto golo na Liga.

Foi um autêntico balde de água fria despejado sobre a já intranquila equipa do Paços de Ferreira que, ainda assim, mostrou personalidade e não se escondeu do jogo. Pertenceram, inclusivamente, aos castores europeus as melhores aproximações à área de José Sá, sobretudo através do elevado número de bolas paradas de que dispôs.

André Leão, na sequência de um pontapé de canto (7 e 45 min), e Sérgio Oliveira, nos remates de meia distância (25 e 26 min), assumiram-se como os principais alvos a abater por parte da defensiva insular. Ainda que sem situações flagrantes de golo.

O Marítimo, de resto, deixou que o Paços comandasse o jogo, porque lhe interessava apostar em transições. Não estranha, por isso, que as oportunidades para os madeirenses tenham surgido através da velocidade e verticalidade de Danilo Dias (18 min) e Derley (33 min).

O Paços regressou às cabines com o sentimento de injustiça. A equipa jogou bem, mas faltou-lhe futebol nos últimos 30 metros. E é aí que se decidem os jogos.

Segunda parte de loucos

A segunda parte é digna de um filme de Hitchcock: com final imprevisível. O Paços chegou à igualdade por Caetano (49 min), num lance em que a defensiva insular fica mal na fotografia, e a equipa pôde, finalmente, respirar de alívio.

Puro engano! Imediatamente a seguir Derley sentou Tiago Valente e voltou a recolocar os insulares em vantagem. Costinha e os jogadores do Paços regressam então ao estado de pré-depressão anterior.

Mas foi um estado muito passageiro. Os castores levantaram-se, mostraram personalidade e serviram o mesmo veneno: empataram na jogada seguinte por Bebé (52 min). Podia ser um estucada enorme nas ambições do Marítimo, mas a equipa de Pedro Martins é adulta, sabe lidar com situações adversas e voltou a marcar numa cabeçada de Igor Rossi (62 min).

Foi o segundo murro no estômago da equipa da Capital do Móvel que parecia já ter esgotado o gás na busca da segunda igualdade. Precisava de um momento de inspiração que apareceu com Manuel José: livre superiormente cobrado para o 3-3.

Foi o momento que mudou a história do jogo e empurrou para longe à trágica lei de Murphy. Em cima da hora, Igor Rossi fez autogolo e carimbou a épica primeira vitória do Paços. Ninguém merecia perder, mas o Paços, desta vez, teve a felicidade do seu lado.