Duelo cafetero no Sp. Braga-Sporting entre Felipe Pardo e Fredy Montero. O primeiro ainda luta pelo seu espaço, o segundo entrou a um ritmo avassalador.

O
Maisfutebol traça-lhe o perfil dos reforços colombianos com o precioso auxílio de Agustin Garizábalo. O olheiro do Deportivo de Cali descobriu Montero e Pardo, assim como Juan Cuadrado (Fiorentina) e Luis Muriel (Udinese).

No seu blog Contralínea, Garizábalo recorda o dia em que descobriu Felipe Pardo, o Velocista. No Sp. Braga, o avançado de 23 anos tem descaído para um flanco, mas brilhava desde tenra idade como goleador nato.

«Eu dirigia a Escola Barranquillera de Futebol e num torneio infantil em Valledupar tivemos de enfrentar a Escola Tiburones nas meias-final. El Pipe (Felipe) Pardo marcou dois golos. No campeonato regular da Liga do Atlântico, marcava-nos sempre. Até que, na final do torneio Asefal, em 2003, houve novo duelo e decidi que ia acabar com aquilo.»

Agustin Garizábalo pediu à sua defesa para ficar em zonas recuadas, à espera dos piques de Pardo. Nem assim. «Numa bola longa, os meus defesas tentaram pará-lo, agarrá-lo, abraçá-lo, mas nada, pareciam todos de papel. Pardo passou pelo meio deles e fuzilou o guarda-redes.»

Os Triburones venceram o torneio mas o treinador da Escola Barranquillera, descobridor de talentos para o Deportivo de Cali, descobriu uma nova pérola.

Felipe Pardo foi convidado pelo Deportivo para um período experimental e não mais regressou a casa.

O avançado cresceu, aliou a velocidade à potência no remate e chegou a parecer o substituto ideal de Jackson Martínez. Em 2009, quando Cha Cha Cha saiu para o Jaguares do México, o Independiente de Medellín contratou el Pipe.

«Seria letal correndo 20 metros e não 70»

Pardo mudou. Já não era um homem de área, corria agora pelos flancos. Uma realidade que se arrastou até aos dias de hoje. No Sp. Braga, apenas um cinco em sete jogos, dois deles como suplente utilizado. Tem o seu lugar no onze em risco.

«Insisti com ele para que regresse à sua posição ideal: avançado centro. Foi sempre um goleador, em todos os torneios que participou. Com o seu pique e a sua potência, seria letal correndo 20 metros e não 70. Infelizmente, muderam o seu chip e converteram Pardo num flanqueador, que dá mais suor que golos».

Agustin Garizábalo lamenta o cenário mas acredita que a pérola vai brilhar. «De qualquer forma, penso que jogadores como o Pardo chegam ao ponto certo um pouco mais tarde. Isso aconteceu com o próprio Jackson. No Medellin, não foi desejado durante várias épocas e acabou por ser goleador.»

A comparação não surge ao acaso. Os dois nasceram em Quibdó, na zona oeste da Colômbia.

«A questão com Pardo é a sua idade (23 anos), ou seja, falta-lhe um pouco mais de maturidade. E que, para além disso, volte à posição onde se fez jogador. O seu arranque deixa para trás qualquer adversário, ganha vários metros. Mas depois continua a correr com a mesma velocidade e isso tira-lhe precisão. Por isso está a fazer poucos golos», remata o olheiro que o descobriu.

«Portugal é uma excelente vitrina»

Fredy Montero visita Felipe Pardo. Mais tarde, ambos irão defrontar o F.C. Porto de Jackson Martínez e Juan Quintero. O mesmo Porto que se despediu de Radamel Falcao e, neste verão, de James Rodriguez. Portugal encanta-se pelos colombianos.

«A Liga portuguesa parece estar num processo de consolidação, como está a acontecer com os jogadores colombianos, que se estão a tornar mais profissionais. A vantagem, talvez, é que em Portugal não têm a mesma exigência que em Espanha, Itália e em Inglaterra. Mas Portugal está a provar ser uma excelente vitrina», conclui Agustin Garizábalo, em entrevista ao Maisfutebol.