José Luiz Runco, chefe do departamento médico da seleção brasileira, explicou este sábado, em conferência de imprensa, a lesão de Neymar. O período de paragem de «três a seis semanas» foi confirmado pelo responsável.

«Quando entrámos em campo e fomos confrontados com aquele trauma, houve duas coisas que nos deixaram preocupados: o desespero do Marcelo para que entrássemos em campo, mas só podemos entrar quando o árbitro autoriza; e outra quando encontrámos o atleta, que estava lúcido sem nenhum comportamento neurológico, a ter dificuldades em virar-se de barriga para baixo para a posição de barriga para cima. Isso fez-nos pensar em algo mais sério na região lombar. Fui encaminhado para a sala médica de atendimento que há nos estádios e que é muito bem orientado pelo doutor Girão, que nos deu todo o apoio. A assistência foi dada pelo nosso traumatologista e o nosso médico. O quadro de dor que o Neymar apresentava indicava que podia ter uma fratura, e tratámos de prevenir para que não tivesse nenhum mecanismo de mexer, fletir a coluna. Levámo-lo para uma clínica de imagem, onde foi submetido a uma TAC, em que nós observámos uma fratura do processo transverso da terceira vértebra lombar. As imagens estão só comigo, nenhuma das que apareceu na internet são reais.  No momento em que vemos a fratura, completamos o exame com uma ressonância magnética. Uma TAC mostra as zonas ósseas, uma ressonâncias as partes moles. Tínhamos de ver se havia lesão maior ou do rim. Não mostrou e ficámos felizes. Agora, temos um processo que necessita de repouso e de uma cinta lombar, para que tenha algum conforto.  Definimos qual a melhor estratégia, para ele e para a familia, e para o grupo. Era importante que ele estivesse connosco. Levámo-lo para a base aérea, e foi colocado no avião como é colocada a alimentação num voo: deitado, confortável, tomou medicação relaxante, depois da analgé sica. Veio para o Rio com tranquilidade, jantou com colegas, hoje acordou e almoçou com os colegas. Foi transportado como manda a situação. Consegue dar passos e caminhar, não tem lesão neurológica, nem comprometimento no futuro da vida como futebolista ou pessoa. Necessita de um tempo para que voltar a praticar.»

[Sobre a forma como foi transportado para fora do relvado]  «Existe uma prancha rígida, mas esta não é praxe da FIFA. Usa uma maca que não tem os riscos de virar, mas continua a ser rígida, a dificuldade maior era encaixar o atleta, mas conseguimos. Eu também estava atento se houvesse alguma alteração neurológica, a fim de que pudesse tomar outras medidas. Os que atendem em campo são médicos e enfermeiros. O que eles têm naquela bolsa é tudo o que preciso para atuar, inclusive um desfibrilhador, se houver um problema cardíaco.»

[Como disse a Neymar que estava fora do Mundial] «Ele não chegou a perguntar. Fui eu que lhe disse que estava fora da Copa. Chorou muito, estava muito emocionado. Mas com o tempo ele foi entendendo que era a limitação de um sonho, mas não era a limitação de um miúdo de 22 anos. Era uma lesão boa para a vida dele de futebolista.»

[O que não pode Neymar fazer] «Não pode saltar nem dar cambalhota. Mas isso não lhe vai ser permitido fazer. A lesão tem tudo para melhorar, com repouso.»

A conferência de imprensa foi antecedida por uma mensagem de Neymar, que agradeceu o apoio recebido nas últimas horas pelo mundo do futebol e prometeu voltar mais sorte. «O sonho de ser campeão não acabou».