O Ministério Público da Suécia arquivou o inquérito criminal contra o português Carlos Quaresma, que foi investigado por suspeitas de burla relacionadas com a atividade da Fundação AGAPE, divulgou hoje fonte ligada ao processo.

«Deixou de haver razões para prosseguir o inquérito criminal. Com base nos elementos até agora apurados, não é possível provar que a pessoa indiciada como suspeita tenha incorrido em responsabilidade criminal. Não é crível que a continuação do inquérito possa alterar o estado da prova de forma decisiva», refere o despacho de arquivamento, a que a Lusa teve acesso.

O despacho ressalva que o processo poderá ser reaberto se entretanto surgirem novos dados.

O advogado de Carlos Quaresma facultou hoje à Lusa uma cópia do despacho do Ministério Público da Suécia, autenticada e traduzida pelo Consulado de Portugal naquele país.

A AGAPE é uma organização não-governamental da Suécia que tem doado material ortopédico e mobiliário médico a muitas instituições de vários países, incluindo Portugal.

Para as instituições portuguesas, toda a logística era tratada através de Carlos Quaresma, antigo futebolista e ex-candidato à presidência do Sport Lisboa e Benfica, que se intitula presidente executivo da AGAPE.

«Nos hospitais da Suécia, ao fim de um ano aqueles equipamentos são substituídos. Muitos deles estão como novos, e nós conseguimos que nos fossem cedidos, para os encaminharmos para aqueles que mais precisam», referiu Carlos Quaresma à Lusa.

O material é depois oferecido pela AGAPE às instituições, tendo estas apenas de pagar o transporte.

As suspeitas de fraude nasceram com o preço do transporte.

A uma instituição da Anadia, Carlos Quaresma pediu 13 mil euros pelo transporte, mas a Câmara local descobriu que para aquele serviço o melhor preço de mercado era 3.000 euros.

A Câmara de Arouca anunciou que iria propor ao Ministério Público uma investigação à atividade da AGAPE.

As denúncias chegaram também ao Ministério Público da Suécia pelas mãos dos filhos do fundador da AGAPE, entretanto falecido.

«Veio a polícia à minha casa, vasculharam tudo, levaram-me computadores, documentos e até dinheiro, fui julgado e condenado na praça pública e nos jornais, falaram que estive envolvido numa burla de valores milionários, de mais de um milhão de euros, mas agora o Ministério Público vem concluir que, afinal, não há indícios de nada e arquiva o processo», queixou-se Carlos Quaresma.

Lusa