Terminou o mês louco de futebol em Inglaterra e é altura de analisar quem saiu por cima e quem ficou mais prejudicado. Na primeira pessoa, o português José Fonte partilha sucessos e frustrações numa época do ano em que quem jogar na Premier League não tem direito a passar tempo com a família ou gozar alguns dias de férias em latitudes bem mais quentes.

O Southampton foi provavelmente a equipa mais prejudicava pela sucessão de jogos. À entrada para a 12ª jornada, no final de novembro, a equipa ocupava o terceiro lugar, a apenas três pontos do líder Arsenal e a um do Liverpool. Tinha mais um ponto do que o Chelsea e dois do que o Everton.

«Nessa altura estávamos muito bem colocados e íamos iniciar um ciclo jogando com o Arsenal. Tivemos três lesões importantes na equipa e num plantel como o nosso, em que temos 11, 12, 13 jogadores com muita qualidade, não é como o Chelsea que muda dez e mete dez e mantém a qualidade, fica tudo bem mais complicado. Não temos jogadores da mesma qualidade para substituir, sem tirar mérito aos companheiros, mas não é a mesma coisa», contou ao Maisfutebol.

O Southampton perdeu com o Arsenal fora (2-0) e uma semana depois viria a ser derrotado novamente em Londres, mas no terreno do Chelsea (3-1). Passados três dias, derrota surpreendente em casa com o Aston Villa (2-3). «Esse jogo foi incrível, porque criámos muitas oportunidades, tivemos 78% de posse de bola, fizemos 40 cruzamentos, mas cada vez que eles iam à nossa baliza marcavam e acabámos por perder», lamenta.

Mais três dias e finalmente um resultado positivo, em casa com o Manchester City (1-1). «O City é uma equipa que marca muitos golos a toda a gente, mas connosco quase não teve oportunidades. O empate foi bom», conta Fonte, que foi um dos esteios da equipa nesse encontro. Seguiu-se mais um empate positivo, no terreno do Newcastle (1-1), mas quando parecia que a equipa estava a recuperar surge a derrota caseira com o Tottenham (2-3), no primeiro jogo dos Spurs após o despedimento de André Villas-Boas, em que Adebayor marcou dois golos.

Após o triunfo no terreno do Cardiff City (0-3) no «boxing day», nova derrota e logo com o Everton em Liverpool (2-1). «Perdemos e não mereciamos. Se tivessemos ganho esse jogo tinhamos conseguido dar a volta aos acontecimentos, mas voltou a correr tudo mal», acrescenta o defesa. O ciclo termina a 1 de janeiro com nova derrota caseira ante o Chelsea (0-3). «Até ao primeiro golo tivemos hipóteses de marcar, mas a equipa estava morta e já não conseguiu reagir. O calendário colocou-nos frente a todos os grandes neste período, achamos que fomos prejudicados em dois ou três jogos, mas este período já passou e agora queremos ganhar quatro ou cinco jogos para voltarmos lá cima, pois considero que conseguimos estar entre os seis primeiros», realça, verificando que o Southampton chegou à 20ª jornada em nono lugar a 18 pontos do líder Arsenal. Foram cinco pontos em nove jogos, com onze golos marcados e 18 sofridos.

«É como um crime»

Durante o período entre o Natal e o Ano Novo foi fácil encontrar imagens de jogadores de férias, com as suas famílias, nos seus países e ou em locais mais ou menos paradisíacos. Nenhum desses atletas representava equipas inglesas, simplesmente porque na Premier League não houve pausa na competição, muito pelo contrário.

Jogos no dia 26 de dezembro, mais uma jornada três dias depois e outra vez desafios exigentes no primeiro dia do ano. Os estádios estiveram sempre cheios, mas os jogadores sofreram e muitos foram os que se lesionaram.

«É difícil viver isto nesta época. Para nós é como um crime e acho que não há necessidade nenhuma disto. Podia haver jogos nos dias 22 e 26 e no máximo outro no dia 3 de janeiro. Dois jogos em dois dias é ridiculo. Há muitas lesões, os jogadores não aguentam, até porque os campos estão molhados, está sempre a chover», diz José Fonte.

«Também não podemos estar com a família, pois há jogo a seguir ao Natal. As pessoas não têm noção como é difícil, principalmente para os estrangeiros. Mesmo os jogadores ingleses não concordam com isto e temos uma certa inveja daqueles que têm uma semaninha para decansar», admite.

Ainda assim, Fonte sabe que esta é uma altura do ano «muito importante em termos económicos» e é também nestes pormenores que «a Premier League faz a diferença».