Sim, eu sei. O treinador dirige os treinos, está com os jogadores, ninguém melhor do que ele para escolher quem joga e quem fica a ver jogar.

Sim, eu sei tudo isso. Mas também sei quanto vale Nuno Gomes, também sei a importância de tratar bem os jogadores da casa, os ídolos, as referências. E, sobretudo, sei o que têm jogado os outros avançados do Benfica, esta temporada.

Se por acaso está desatento aos números desta época, pode recordá-los no Maisfutebol. Que dizem eles? Um rendimento apenas médio (ou até fraco) de todos os da frente.

Cardozo e Saviola são as escolhas recorrentes. Juntos conseguiram dezasses golos. Kardec e Jara, os substitutos preferidos de Jesus, somam cinco. Todos eles jogaram muito mais tempo do que Nuno Gomes, escolhas que certamente não foram sustentadas no rendimento em campo. Na frente, só Weldon, recomendado por Jesus, tem menos minutos do que o avançado português: sete.

Até agora, Nuno Gomes nunca foi titular na Liga e só em dez ocasiões o nome constou na ficha de jogo. Em quatro deles entrou, em duas (Naval e Portimonense) marcou.

Com estas escolhas, Jorge Jesus está a dizer-nos que já não acredita em Nuno Gomes como jogador. Pelo menos como jogador do Benfica. Uma tese que o avançado tem procurado desmentir, sempre que lhe dão tempo. Como no domingo, quando impediu uma embaraçosa derrota em casa frente ao último. Até ver, a razão está do lado de Nuno Gomes, que, como ele diz, tem conseguido mostrar que está vivo e parece empenhado em não terminar a carreira. E provavelmente faz bem. Afinal, sempre é um ano mais novo do que João Tomás, o melhor marcador português da Liga.

NOTA: Isto foi o que escrevi a semana passada. Depois de ver Nuno Gomes marcar dois golos em 14 minutos, ao Paços de Ferreira, deixo ao leitor os últimos números do ponta-de-lança português: quatro golos em 54 minutos. É um festejo a cada treze minutos, mais uns segundos.