O Estádio do Dragão festejou nesta sexta-feira cinco anos sem derrotas para a Liga portuguesa. Uma marca histórica, motivadora, em vésperas de uma receção ao Sporting. O FC Porto apresenta esse argumento no lançamento do clássico.

De facto, são 75 jogos para o campeonato sem um sabor amargo, uma eternidade desde o dia 25 de outubro de 2008. Nesse dia, o Leixões de José Mota venceu (2-3), com um golo de Bruno China e dois de Braga.

Jesualdo Ferreira iniciou o ciclo, André Villas-Boas e Vítor Pereira prolongaram a invencibilidade, Paulo Fonseca atingiu o número redondo após quatro jogos sem perder na Liga 2013/14. São ainda cinquenta encontros sem o sabor da derrota no campeonato, em absoluto, desde janeiro do ano passado.

Não sobram dúvidas: o Estádio do Dragão é uma fortaleza para o FC Porto na Liga, um reflexo do domínio azul e branco na prova.

Mas chegará para os adeptos mais exigentes? Assinalar a marca numa altura em que os portistas lamentam duas derrotas para a Liga dos Campeões, no mesmo recinto, obriga a uma reflexão mais profunda.

O Maisfutebol apresenta a outra face da moeda. A invencibilidade caseira na Liga sim, mas a par de quantos desaires para outras competições?

São oito derrotas em cinco anos, utilizando como referência o tal jogo com o Leixões. Oito desaires entre Taça da Liga, Taça de Portugal, Liga Europa e Liga dos Campeões. Paulo Fonseca liderou a equipa nas últimas duas.

Tudo começou com Cristiano Ronaldo

Seguindo então essa lógica, tão questionável como as restantes, a história começa com a receção ao Manchester United para a os quartos-de-final da Liga dos Campeões, a 15 de abril de 2009.

Os dragões tinham garantido um empate vistoso em Old Trafford (2-2) mas não conseguiram travar um míssil de Cristiano Ronaldo, um tento solitário a ditar o afastamento da competição.

Jesualdo Ferreira experimentaria a mesma sensação na temporada seguinte, desta vez na fase de grupos da Liga milionária. 0-1 frente ao Chelsea, um golo de Nicolas Anelka, insuficiente para impedir o apuramento do FC Porto para a fase seguinte. Nos oitavos-de-final, os dragões bateram o Arsenal em casa (2-1) mas foram goleados em Londres (5-0).

André Villas-Boas assumiu o comando técnico para a época 2010/11 e, curiosamente, seria ele a averbar o maior número de derrotas no Estádio do Dragão, neste ciclo, um facto minimizado pelo estrondoso sucesso em quatro competições: Liga Europa, Liga, Taça de Portugal e Supertaça.

De facto, o único desaire a causar mossa, ainda assim relativa, teve como cenário a Taça da Liga. A 2 de janeiro de 2011, o Nacional visitou o FC Porto e garantiu o triunfo (1-2). A formação portista ficou pelo caminho na fase de grupos.

No mais, derrotas revertíveis para a Liga Europa e para a Taça de Portugal. A 2 de fevereiro, os dragões foram surpreendidos pelo Benfica na primeira mão das meias-finais da Taça (0-2). Porém, deram a volta no Estádio da Luz (1-3) e venceram mesmo o troféu.

A 23 de fevereiro, foi o Sevilha a assustar o público azul e branco. Uma vitória com o selo de Luís Fabiano (0-1), nos 16avos de final da Liga Europa, insuficiente para travar a caminhada vitoriosa do FC Porto, já que a formação portista tinha triunfado na Andaluzia, na semana anterior (1-2).

O melhor nesse capítulo...foi Vítor Pereira

Villas-Boas sai para o Chelsea e Vítor Pereira passa a liderar a equipa técnica. Sagra-se bicampeão sem garantir unanimidade no universo azul e branco. O modesto desempenho nas competições europeias suscitou algum desalento.

De qualquer forma, o atual treinador do Al-Ahly da Arábia Saudita perdeu apenas um jogo no Dragão, em duas épocas. Após o terceiro lugar na fase de grupos da Liga dos Campeões, em 2011/12. o FC Porto seguiu para a Liga Europa mas caiu rapidamente aos pés do Manchester City.

A 12 de fevereiro de 2012, a equipa de Mancini venceu no reduto portista (1-2) e acabou por garantir o apuramento para a eliminatória seguinte com uma goleada em Inglaterra (4-0).

Na época passada, os dragões venceram os quatro jogos disputados em casa para a Liga dos Campeões. Paris Saint-Germain, Dínamo Kiev, Dínamo Zagreb e Málaga caíram na Invicta. Porém, os espanhóis deram a volta no seu reduto e afastaram o FC Porto da prova, nos oitavos-de-final.

Com Paulo Fonseca, duas derrotas em dois jogos como visitado na prova milionária, aos pés de Atlético Madrid e Zenit. No campeonato, por outro lado, o Dragão continua a apresentar-se como uma fortaleza. E o clássico apresenta-se nesse cenário.