Esta segunda-feira à noite tudo isto vai ressurgir, com a estreia dos encarnados na novíssima casa dos azuis e brancos, o imponente e moderníssimo Estádio do Dragão. Os quase cem anos que marcam a distância entre estes dois encontros serve para assinalar a marcada mudança global no país e nos clubes tornados rivais. Desapareceu o cavalheirismo, mas subsiste a emoção, a vontade de vencer e, sobretudo, a disputa entre o Norte e o Sul, entre duas cidades dominantes. Mais do que um jogo, muitas vezes este clássico se tornou em força da gente.
Ao contrário do que é usual suceder nas vésperas destes embates, o Maisfutebol não se refugiou nas histórias avulsas de quem ganha ou quem perde, de quem marca mais golos ou sofre duras derrotas. Debruçámo-nos na essência do fenómeno: as outras primeiras vezes, com todas as conotações positivas que a análise acarreta. As fotos ilustram o que resta ou simplesmente foi construído no local dos antigos campos de futebol.
Fomos à descoberta das antigas casas do F.C. Porto. O Campo da Rainha, que fez a transição entre a Monarquia e a República, e que já não existe; assim como o Campo da Constituição, um local que permanece inatacável, mas em acelerada decomposição. Passagens, ainda, pelos Campos do Ameal e do Lima, que serviram de casas emprestadas sempre que havia grandes jogos, pois a pequenina Constituição não servia para tantas solicitações. Finalmente, o Estádio das Antas, que permanece ainda como uma memória bem viva.
Contamos, também, como foram essas outras primeiras vezes, vividas sempre com enorme emoção pelas gentes da altura. No final de contas, percebemos que o Benfica nunca foi um bom visitante nas inaugurações do estádios, vencendo na Constituição e nas Antas, mas a história também diz que quando surgem os jogos oficiais o F.C. Porto não sabe perder, tendo vencido sempre, excluindo a primeira vez no Ameal, em que as equipas empataram. Resta saber se no novo palco de emoções, que é o Estádio do Dragão, existirá alguma tendência que favorecerá a história dos dois clubes.
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