O primeiro derby jogado em Agosto terminou com tímidos sorrisos. Em Alvalade falou-se mais português do lado de verde e branco (seis contra zero de início), em número de faltas ganharam os de vermelho. E como se sentiu a sua ausência no lance do golo de Markovic, deve ter pensado Jardim. No final, o empate reflecte o comportamento das duas equipas. Sporting melhor na primeira, Benfica a responder como se impunha na segunda.

O que retirei do derby

A jovem equipa do Sporting cresce com estes jogos.

Apesar de a opção Dier não ter sido totalmente eficaz, Jardim tem dado à equipa uma identidade que vem sendo assimilada. Mas há muito para fazer.

Rui Patrício continua a ser superior. William Carvalho a crescer. Como se esperava não se intimidou, nunca se escondeu. Bem posicionado, dá início à construção do Sporting, é sempre alternativa de passe para os colegas. Bom jogo, pé ante pé vai-se afirmando.

Montero vai no quinto golo. Inteligente, bom tecnicamente, demonstra classe.

Markovic mexeu com o jogo e o Benfica subiu de produção. Rápido na condução de bola e no espaço. Muito cuidado. O Sporting não percebeu no minuto 49 e os estragos chegaram ao minuto 65, com grande jogada, finalizada com frieza. Vamos ouvir falar muito dele.

Cardozo acabou por chegar. Resolvida a questão, lá entrou pelas circunstâncias mas não marcou. Quem marcou foi o outro, o Ramon, que habita em Setúbal e com dois golos ajudou a derrubar a muralha vimaranense. Não sei de que Cardozo vamos ouvir falar mais. É provável que seja o da Luz, mas atenção ao outro.

O público que encheu Alvalade foi fantástico. Luisão errou no lance do golo. Focado apenas na bola, esqueceu-se de Montero. É um lapso frequente, esquecer-se da movimentação do adversário, seguir a bola. Foi fatal. O passe certeiro e decisivo de André Martins, mais a inteligência e classe de Montero fizeram o resto.

Wilson Eduardo tem características únicas. A velocidade e capacidade para criar desequilíbrios não apareceram. Esperava mais. Tem de aproveitar estes jogos

Os laterais esquerdos das duas equipas só o são no papel. A primeira preocupação de um lateral deve ser defender bem e nisso ambos revelam deficiências.

Em campo, quer Jefferson quer Cortez demonstram que o seu habitat é mais da linha do meio-campo para a frente. Sentem-se mais à vontade e confortáveis. Criam desequilíbrios vindos de trás e acabam por ser importantes nas estratégias. Jardim procura profundidade pelos corredores e Jefferson sabe fazê-lo mas é a defender que estão as preocupações. Do outro lado, Cortez denota à-vontade em terrenos ofensivos mas é o seu posicionamento defensivo e os duelos que trazem problemas. Acredito que quando o foram buscar já existia este conhecimento. Trabalho precisa-se. No ano passado gostei da aposta em Melgarejo e não percebi o afastamento. Percebo ainda menos a saída se a aposta como se verifica é Cortez. Revela as mesmas fragilidades que Melgarejo. Se era para manter a mesma ideia, por que não o paraguaio? A decisão está tomada. O tempo dirá se esta foi a melhor. Acabou de chegar Siqueira! Para a semana falamos sobre mercado.

Mas nem só de derby viveu o fim de semana desportivo. Em Barcelos, o Gil Vicente foi brilhante. Com dez jogadores aos 52 minutos e nove aos 57, o destino estava traçado. Pensavam todos aqueles que assistiam no estádio ou pela TV, como eu. Mas os jogadores do Gil, liderados por César Peixoto, João Vilela e Adriano entre outros, não pensavam assim. Espírito de sacrifício, entreajuda e vontade de vencer resultaram num golo e numa vitória sofrida. João de Deus tem uma equipa e só pode estar orgulhoso dos jogadores. A paragem da Liga vem em boa altura para o Braga. Dois desaires seguidos obrigam a pensar.