A eliminação da selecção do Mundial 2010 é o momento menos indicado para discutir os problemas do futebol português.

Ao contrário do que pensam algumas cabeças que fazem opinião em Portugal, não existe nenhum défice de discussão em Portugal. Existe, muitas vezes, é opinião a mais. Sobretudo má. Opinião suportada em escassa capacidade de análise, que parte de bases erradas e existe para atingir fins nem sempre evidentes.

A selecção caiu na África do Sul e, do meu ponto de vista, há três coisas que devem ser analisadas em profundidade.

1. Carlos Queiroz. Este treinador tem condições para continuar? Por condições leia-se serenidade, qualidade técnica, capacidade de liderança e, muito importante, relação com o núcleo duro dos jogadores seleccionáveis.

2. Jogadores. Do grupo que esteve na África do Sul, quem deve continuar e quem deve sair já nesta paragem? Quais os jogadores portugueses que precisamos urgentemente de meter na selecção?

3. Federação. A estrutura que a F.P.F. montou para este Mundial 2010 foi a necessária? O apoio federativo é suficiente e está de acordo com o que de melhor se faz hoje no mundo? A relação entre a equipa (técnica, dirigente, médica, de comunicação) das selecções e o treinador é suficientemente boa?

Por se tratar de uma selecção nacional, acho que deveriam ser elaborados e tornados públicos os relatórios que certamente o seleccionador Carlos Queiroz e o director Carlos Godinho não deixarão de fazer sobre toda a campanha africana.

Se alguém deseja discutir a selecção com seriedade, é deste dois documentos que terá de partir. Eu gostava de os conhecer, confesso.

Os que pretendem, neste momento, direccionar a discussão para aspectos supostamente estruturais tentam desculpar o que de mau se fez na África do Sul e estão apenas interessados em que, no fundo, nada de profundo se discuta. Logo, nada se altere.