Maniche compreende que os portugueses estejam «impacientes» com a prestação da seleção nacional, até porque «estão mal acostumados». Em entrevista conjunta Mais Futebol/TVI, o médio, que representou a seleção nacional no Euro2004, lembra a herança da sua equipa e da seguinte, que criou um nível de exigência elevado sobre estes jogadores.

«A pressão existe, é enorme, porque os portugueses obviamente estão impacientes, também estão mal acostumados devido ao que fizemos no Euro2004 e no Mundial 2006. Acima de tudo, tenho a certeza de que temos todas as condições de chegar o mais longe possível», disse o ex-jogador. E isso significa chegar à final como em 2004? «Eu acredito que sim», afirmou.

Baixar as expetativas pode ser positivo

«Fala-se muito desta geração, uma geração que é certo ainda não ganhou nada como seleção, mas, em termos individuais são jogadores que jogam em grandes clubes, alguns deles campeões europeus. Estão habituados à pressão, a jogos difíceis, a um ambiente difícil. Obviamente que os portugueses têm uma desconfiança enorme neste momento devido, não só, a estes resultados, mas também a uma classificação muito apertada antes de o Paulo Bento pegar na equipa», lembrou Maniche.



«Não é fácil, dois jogos sem ganhar, mas não traduz nada de futuro. É melhor errarem agora do que no Europeu», disse o jogador que até considera que o facto de os adeptos terem baixado as expetativas pode até ser benéfico, «pode ajudar os jogadores a desinibirem-se».

A importância do jogo com a Alemanha

Para Maniche «o primeiro jogo pode ser importante para os níveis de confiança... ou não. Depende do resultado que se possa vir a fazer». «Toda a gente diz agora que o primeiro jogo é importantíssimo, obviamente que sim, mas relembrando aquele jogo contra a Grécia, que perdemos, e depois começamos a ganhar os jogos todos até à final», disse, voltando a lembrar o Campeonato da Europa de 2004. «Até podem perder o primeiro jogo ou empatar, mas ficarem apurados para a segunda fase».

Bons jogadores, mas uma equipa menos sólida

Maniche diz que não gosta de fazer comparações entre as duas seleções (a de 2004 e a de agora), mas admite que as características da equipa são diferentes. «Tínhamos uma base sólida. Um conhecimento acima da média porque a base da seleção do Euro2004 foram os jogadores do Porto, campeões da Europa. No Euro2004 foi uma seleção muito confiante, com uma entreajuda e um companheirismo que jamais, penso eu, vai existir. E isso ajuda bastante. Não esquecendo, claro, a qualidade que cada jogador tinha nesse Europeu. Mas nesta seleção também o têm. Duvido é que, em termos de equipa, de grupo, sejam tão sólidos como a equipa de 2004. Não acredito que possa haver uma seleção tão sólida como aquela do Euro2004».

O médio acredita que «Portugal está bem preparado em termos psicológicos [para lidar com a pressão dos adeptos]. Mas o mais importante é eles unirem-se, terem em mente que é muito importante nós fazer um grande Europeu». Até porque «o país está a viver muitas dificuldades e às vezes o futebol é um escape. Esquecemos um pouco o que se passa nas nossas vidas. Os jogadores sabem disso e é mais um fator para eles se mentalizarem de que este Europeu é muito importante, não só para eles, mas também para todos os portugueses».