Paulo Bento apontou os nomes dos críticos e explicou as opções que tomou na meia-final com a Espanha, quer nas substituições, quer na ordem na marcação das grandes penalidades, numa entrevista à RTP conduzida pelos jornalistas Sandra Sousa e Carlos Daniel.
Porque é que Ronaldo não marcou uma das grandes penalidades frente à Espanha?
«Tem a ver com vários fatores, com a própria estratégia que planeámos e com o que vai sendo o decorrer do jogo. A verdade é que agora é que tudo poderá servir de argumento para justificar termos perdido nas grandes penalidades. O Ronaldo já passou por várias situações. Frente ao Bayern foi o primeiro a bater e falhou, num jogo do Manchester foi o último e marcou. Tem a ver com o adversário que enfrentámos, com o guarda-redes que está do outro lado. A ordem foi escolhida no final do prolongamento. Podíamos chegar ao último penalty e termos o Ronaldo a marcar. Se fosse o primeiro a marcar e tivesse acontecido o mesmo que aconteceu com o Bayern, estávamos aqui discutir porque é que não ficou para o fim».
Como analisa o desempenho de Ronaldo no Europeu?
«O que há a salientar é o comportamento coletivo da equipa. Não só nos jogos, mas em tudo, no estágio e daqueles que menos jogaram. Houve um desempenho extraordinário não só pelo que alcançámos, mas pela forma como alcançámos. O desempenho de Ronaldo foi um bom desempenho dentro daquilo que foi a nossa dinâmica coletiva. O que não me parece normal é que possamos pretender que um jogador nos possa resolver todos os problemas. É um dos melhores do Mundo, acho que vai ser eleito este ano como o melhor do Mundo e continuo a pensar que não precisava do Europeu para isso. Enquanto capitão foi exemplar, é pelo exemplo que é capitão. Tem níveis de profissionalismo extremamente elevados, os colegas revêm-se na sua liderança no balneário».
Escolheu sempre o mesmo onze. Sete não jogaram. Como os motivou?
«A motivação está desde a saída da convocatória, com a possibilidade que têm de representar o país. Não havia nenhum jogador que tivesse a garantia que ia jogar os minutos todos. Jogámos sempre de quatro em quatro dias, o que era o tempo suficiente para recuperarmos. Há uma gestão de expetativas num determinado momento, depois há uma opção. O caso entre Quaresma e Miguel Lopes são situações que acontecem no futebol. Foi uma situação ultrapassada no final do treino».
No jogo com a Espanha, porque é que não mexeu mais cedo?
«Houve uma primeira alteração com a entrada de Nélson Oliveira para o lugar de Hugo Almeida que já estava desgastado. Fomos à procura de um jogador que já estava rotinado a entrar. As outras foram no limite pela leitura que fizemos no momento e no acreditar que podíamos chegar ao objetivo sem mexer na equipa. Depois tentámos fixar dois jogadores, Moutinho e Custódio, e atacar com os outros quatro: Varela, Nani, Nélson Olveira e Ronaldo.
Críticos? Afinal quem são?
«Antes do jogo com a Alemanha disse que responderia a tudo sobre o nosso planeamento com o objetivo de esclarecer os portugueses, é por isso que aqui estou. Eram vários. Carlos Queiroz e Manuel José foram duas pessoas que aproveitando alguma situação de maior debilidade da nossa seleção não tiveram o comportamento que deviam ter tido, porque de alguma foram dois ex-selecionadores. Acho que houve um aproveitamento que não foi ético, nem sensato. Acusaram-me de ser o responsável pelo mau planeamento da seleção nacional, mas não disseram porquê. Portugal folgou a partir de 21 de maio, a seguir ao jogo com Macedónia, e no dia a seguir ao jogo com a Turquia. A opinião é livre, sabendo do que se está a falar. Posso ser criticado, mas com base em factos».
As criticas afetaram jogadores? Quem decidiu o silêncio depois da Holanda?
«Aquilo que foi decidido é que os jogadores que tinham compromissos, iam falar. Foram os jogadores que decidiram e eu estive solidário com os jogadores, acho que têm direito a fazê-lo».