Felix Afena-Gyan é nome do momento no futebol italiano. O jovem avançado ganês da Roma saltou do banco aos 74 minutos do jogo com o Génova para bisar e dar a vitória à equipa de Mourinho.

Mais, fê-lo marcando um golaço que correu o mundo, tonando-se com esse golo no mais jovem a bisar pela Roma desde 1927. Fê-lo com 18 anos e 306 dias e muitos já não hesitam em apontá-lo a um futuro muito promissor.

Mas qual é, afinal, a história do menino nascido a 19 de janeiro de 2003, em Sunyani, no Gana e de quem tantos já falam, apesar de ter feito apenas 94 minutos, divididos em três jogos, na Liga italiana?

Descoberto num torneio inter-escolas no Gana

Para conhecer a história de Felix Afena-Gyan é preciso ‘viajar’ até Brong Ahafo. Foi nessa região do norte do Gana que, há cerca de um ano, o empresário Oliver Arthur o descobriu num torneio inter-escolas, como contou ao portal Ghana Soccer.

Daí, o agente levou-o para a Academia EurAfrica, na capital do país, Accra, onde Felix não ficou muito tempo. Em março, o jovem chegou à Roma por empréstimo e rapidamente convenceu os responsáveis a investir cerca de 350 mil euros na sua contratação, com o aval de Paulo Fonseca, que o chamou várias vezes a trabalhar com o plantel principal ainda na época passada.

Integrado na equipa de sub-19, após a necessária adaptação, mostrou logo apetência pelo golo: marcou sete em igual número de jogos.

Frieza e humildade de Afena-Gyan deixaram Mourinho rendido

Esta época, o jovem extremo continuou o seu processo evolutivo na equipa sub-19 da Roma, mas chamou a atenção de José Mourinho. Ali deu nas vistas marcando seis golos em cinco jogos e deixou o treinador português rendido.

«Vi-o jogar pela equipa Primavera que treina ao nosso lado. Fiquei impressionado com a sua frieza à frente da baliza. Talvez ele não seja um fenómeno em termos técnicos, mas é muito bom a marcar golos. Fiquei impressionado com a sua capacidade física e com a sua humildade. A maioria dos jogadores desta geração pensa que já sabe tudo. Ele é exatamente o oposto», sublinharia Mourinho neste domingo.

E é fácil perceber as palavras de Moruinho. Basta ouvir o que repete sempre o menino ganês após os grandes momentos como a estreia pela equipa principal da Roma e agora os primeiros golos: «Amo-te, mãe».

«Dedico o golo a todos os meus companheiros, mas acima de todos, à minha mãe que ainda está no Gana. Amo-te, mãe», voltou a dizer no domingo após o bis com o Génova.

Provocou um (quase) conflito diplomático entre Mourinho e a Federação ganesa

Os primeiros passos sob o comando de Mourinho despertaram a atenção da federação ganesa para o talento que deixou o país antes de ser notado pela entidade.

Assim, no início deste mês foi convocado para os jogos decisivos da seleção principal… mas recusou ir para continuar a trabalhar com Mourinho.

O problema é que o anúncio foi feito pelo próprio Mourinho, na conferência de imprensa após o último jogo antes dos confrontos da seleção.  E a coisa não agradou muito aos responsáveis ganeses.

«Ele quer ir à seleção, mas quer fazê-lo num estado de maior maturidade. Agora, quer trabalhar connosco até ao final da época. É esse o pedido dele. Os jogadores devem ter direito a escolher o que querem fazer e eu acredito que isto é o mais correto para ele e para o seu crescimento. No futuro, a seleção do Gana terá um jogador feito e não um miúdo que ainda tem muito para aprender», disse o treinador, provocando uma reação de descontentamento dos ganeses.

«Não comunicamos com treinadores ou pessoas próximas aos jogadores, mas sim com clubes e a Roma não nos comunicou qualquer impossibilidade de termos Afena-Gyan», reagiu a federação.

Certo é que o jogador não foi mesmo à seleção. E o tempo parece ter dado razão a essa decisão. Pelo menos a avaliar pela primeira amostra, que já vai custar caro ao treinador português que vai investir 800 euros numas botas para o seu jogador.