Última atualização às 12:10

Miguel Relvas negou ter ameaçado o «Público» com um blackout do Governo ao jornal e uma jornalista do diário com a divulgação de detalhes da sua vida privada na Internet caso fosse publicada uma notícia sobre si no âmbito das «secretas». As declarações do ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares foram feitas após ser ouvido presencialmente pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).

«Não houve da minha parte qualquer pressão, não houve acusações da vida pessoal, que é algo que repudio e que em democracia não seria tolerável», disse o governante aos jornalistas, explicando que se manteve «silencioso» esta semana por entender que só se deveria pronunciar após ser ouvido na ERC.

«Coloquei à ERC uma questão central em todo este processo, tenho o direito, devo exigir, que me seja esclarecido porque que me é dado 32 minutos para responder uma pergunta sobre a qual não existe urgência e não é de atualidade», disse o ministro, referindo-se à questão que lhe foi enviada pelo «Público» sobre uma suposta incongruência nas suas explicações dadas na comissão parlamentar nesse mesmo dia.

Miguel Relvas explicou que se sentiu «pressionado». «Foi nessa base que me insurgi junto da senhora editora de Política do "Público" e da senhora diretora do "Público"», afirmou, garantindo que nunca falou diretamente com a jornalista Maria José Oliveira e que pediu desculpa, posteriormente, pelo «tom» que usou na conversa com a editora de Política.

«Devo também dizer que na sexta-feira, quando a senhora diretora do "Público" me ligou sobre o tom com que tinha falado com a editora, eu lhe disse que, se fui indelicado, eu pediria desculpa, como o fiz. Indelicado sobre o tom, não sobre a matéria», garantiu.

«Em democracia não é pressão apresentar-se uma queixa à ERC», disse ainda. «Saio daqui com a consciência de que não existem dúvidas sobre o meu comportamento e não existem dúvidas sobre os factos».

«De um lado há factos do outro lado não existem factos», apontou o ministro, dizendo ter o «direito de não ser atacado» e de se «poder defender».

«Ao longo de 20 anos de vida pública tive relação com centenas de jornalistas e não é ao fim de 20 anos que aparecerá alguém sem provas, sem factos, a dizer que eu pressionei», acrescentou.

Miguel Relvas, que foi acusado pelo conselho de redação do «Público» de ter ameaçado revelar dados da vida pessoal da jornalistas Maria José Oliveira, negou conhecê-la pessoalmente: «Não tenho conhecimento sobre aspetos da vida pessoal, nem da senhora jornalista, nem de outros senhores jornalistas. Seria mau em Portugal se isso alguma vez acontecesse».

O governante considerou ter sido uma pressão ter-lhe sido dado apenas «32 minutos» para responder a uma pergunta do jornal.

Questionado sobre se está disponível para prestar esclarecimentos na Assembleia da República, o ministro respondeu que «um membro do Governo está sempre disponível para ir ao Parlamento».