O secretário-geral do PS considerou esta terça-feira que o prolongamento por mais um ano do período de ajustamento financeiro de Portugal deveria ter sido adotado em outubro passado, altura que permitiria uma suavização das medidas de austeridade.

António José Seguro falava aos jornalistas numa escola secundária de Póvoa de Santo Adrião, no concelho de Odivelas, depois de confrontado com indicadores que apontam para um crescimento no número de falência de empresas e de famílias em situação de insolvência.

«Esses dados mostram as consequências negativas da receita errada posta em prática pelo Governo, que está a destruir a classe média e a empobrecer o país. Tenho defendido um aliviar dos sacrifícios e uma forma de consolidar as contas públicas pelo lado da receita», contrapôs.

António José Seguro referiu depois que tem insistido que Portugal precisa de «mais um ano para fazer uma boa consolidação das contas públicas».

«Quando este Governo apresentou o Orçamento do Estado para 2012, defendi mais um ano de consolidação orçamental. Já se perdeu muito tempo. Teria sido mais importante para Portugal se isso tivesse sido conseguido em outubro ou novembro do ano passado, quando eu propus essa medida, porque tal significaria que os portugueses teriam sido poupados a enormes sacrifícios», declarou o líder dos socialistas.

Neste contexto, António José Seguro colocou dúvidas sobre a possibilidade de o país alcançar as metas macroeconómicas constantes no Orçamento do Estado para 2012.

«O Governo pediu sacrifícios aos portugueses para cumprir um défice de 4,5 por cento no final do ano e nem mesmo o resultado desse sacrifício está neste momento assegurado. Os portugueses, obviamente, questionam-se se tudo isto valeu a pena e eu digo desde o início que há um outro caminho na dose, no ritmo e na prioridade», no processo de consolidação das contas públicas, sustentou o secretário-geral do PS.

Nas declarações que fez aos jornalistas, António José Seguro afastou de novo a possibilidade de o PS apoiar novas medidas de austeridade.

«Eu não concordo com novas medidas de austeridade. Os portugueses já não suportam mais sacrifícios. Quero que Portugal cumpra os seus compromissos, mas quero que o faça de forma saudável e de forma a que os portugueses possam continuar a ter níveis de vida de dignidade e se possam realizar do ponto de vista profissional», disse.