O presidente da Associação Portuguesa de Bancos considerou que as constantes subidas do preço do dinheiro devem-se à pouca confiança existente no mercado interbancário e à falta de liquidez, avançou a «TSF».

«Há mais procura de dinheiro do que oferta e, além disso, há um factor de risco», que se prende com o facto de «antigamente quem tinha dinheiro por algum tempo emprestava aos outros bancos», enquanto agora todos «têm muito mais cuidado, porque não sabem se os outros bancos estão de boa saúde», disse.

As taxas Euribor voltaram a bater recordes esta quarta-feira, com a taxa a seis meses, a mais utilizada em Portugal, a atingir os 5,276 por cento, e a Euribor a três meses a fixar-se nos 5,066 por cento.

João Salgueiro entende que os portugueses sentem na carteira o peso do aumento das taxas de juro, mas frisou que a «cultura do desenrasca», muito própria do povo lusitano, que não faz contas à vida, também não ajuda.

«O endividamento começa nas campanhas de publicidade», já que «quando há uma campanha agressiva para passar férias no Brasil», as pessoas convertem dívidas para aproveitar a viagem, ou seja, «a decisão não é dada pelo endividamento mas pela compra», sublinhou.

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos frisou que «o problema do estilo de vida é uma questão de mentalidade, estimulada pelas campanhas de publicidade».

Portugal pouco afectado pela crise dos EUA

Quanto à actual crise financeira internacional, que está a afectar sobretudo os Estados Unidos, João Salgueiro considerou «pouco provável» que Portugal seja afectado.

Questionado pela «TSF» sobre as novas regras para a banca, aprovadas em Julho e que entram em vigor esta quinta-feira, o responsável não quis tecer qualquer comentário.