O corte de juros anunciado esta quarta-feira por vários bancos centrais, incluindo o BCE e a Fed, é uma novidade por ser uma medida concertada e pela sua forte dimensão. Segundo os economistas contactados pela Agência Financeira (AF), a medida é positiva, mas a reacção dos mercados financeiros e de capitais é imprevisível.

«Esta é a medida mais pesada a que assistimos até agora, é a artilharia pesada das armas contra a crise», disse o economista João César das Neves, explicando que se trata de «uma acção muito forte, uma medida drástica, destinada sobretudo a estancar os nervosismos irracionais a que temos assistido nos mercados».

Também o economista Miguel Frasquilho sublinhou à AF que a medida é «uma novidade, precisamente por ser concertada. Até aqui, assistimos a muitas acções na Europa, mas eram desconcertadas. Agora é uma medida concertada e não é só europeia, é global». Para o também deputado do PSD, a medida é «claramente positiva».

A mesma opinião tem a economista do BPI, Teresa Gil Pinheiro, para quem a medida é positiva sobretudo porque «é mais um sinal de que os bancos centrais e as autoridades estão dispostas a fazer tudo ao seu alcance para evitar que a situação piore».

Como tal, pode funcionar no sentido de combater «a falta de confiança no sistema financeiro», que é, de resto, apontada também por Miguel Frasquilho como «a causa da crise financeira».

Tem tudo para funcionar mas mercados estão irracionais

A medida dos bancos centrais «tem tudo para funcionar e o mais provável é que resulte, mas, na verdade, a reacção dos investidores é imprevisível. O que se tem assistido nos mercados não tem nada de objectivo nem de racional, é um pânico descontrolado, que já ultrapassou os limites do razoável. O que se espera que esta medida consiga e aquilo que é preciso é que as pessoas parem um pouco para pensar e parem com esta histeria», diz César das Neves.

Para o professor da Universidade Católica, «as coisas chegaram a um ponto em que as pessoas estão a duvidar de tudo: já não são só e os bancos com problemas, são também os bancos sólidos que estão a ser postos em causa. Não faz sentido nenhum!», desabafa.

Já Miguel Frasquilho está mais optimista. Embora reconheça que «isto não vai ditar o fim da crise», acredita que «os mercados podem acalmar». O mesmo pensa Teresa Gil Pinheiro.

Medida positiva também para os bancos

Quem também pode encontrar nesta medida uma bolsa de oxigénio para respirar do aperto em que têm vivido são os bancos.

Os economistas são unânimes em considerar que o corte das taxas reforçará a confiança na banca e ajudará também a aliviar as dificuldades do sector, em termos de financiamento.