A Tunísia é um dos mercados de maior potencial para as empresas nacionais que querem exportar. Mas há riscos e dificuldades a ter em conta, revela em entrevista à Agência Financeira, a responsável pelo Fórum Missão Exportar 2008, que decorre esta quinta-feira no Pavilhão do Rio do Centro de Congressos de Lisboa. Fátima Vila Nova faz o balanço da iniciativa e revela novidades.

Como surgiu e ideia e em que linha de objectivos foi baseada a criação deste Fórum?

Este Fórum realizou-se primeira vez em 2006 e o principal objectivo era conseguir captar mais empresas para começarem a exportar. Quisemos abandonar o formato de seminário e dar oportunidade às empresas de colocarem as suas dúvidas às entidades especializadas para o efeito. O principal objectivo é fazer com que mais empresas portuguesas tomassem a decisão de começarem a exportar.

Quais são os riscos com que as empresas se deparam quando dão esse passo?

Um dos problemas é a marca, o nome. Há casos em que o nome em Portugal é interessante mas depois lá fora não tem significado. Outro aspecto é de como se calcula o preço. Damos pistas às empresas para que possam fazer um «benchmark» pequeno para saber qual é o preço a que poderá colocar o produto no mercado. Sensibilizamos as empresas a terem atenção a esses aspectos.

Que mercados estão privilegiados?

Na actual conjuntura, o que queremos dar às empresas, uma vez que cerca de 73 por cento das nossas exportações são a nível europeu, é a informação sobre 16 mercados, que correspondem a 16 «workshops», em que de uma forma prática tentamos dar um conjunto de oportunidades para mercados que consideramos serem em crescimento e que podem ser alternativos.

Há uma novidade para este ano em que vai ser criado o Clube das PME que engloba 150 empresas. Como vai funcionar esta rede?

O clube vai ser criado para dar resposta às dúvidas das empresas. Neste sentido, havia a necessidade por parte das empresas que existisse uma rede. Temos um portal em que as empresas colocam as dúvidas, as questões que lhes são mais pertinentes.

E assim podem ver minimizado o seu problema de dimensão?

Há um enquadramento em termos das necessidades das empresas com o objectivo de fomentar a rede entre as mesmas e tentar diminuir o problema da dimensão das empresas portuguesas, para as tornar mais fortes em termos de exportação. As empresas, independentemente dos negócios que fazem, acabam por ter benefícios individuais mas também conjuntos. Cerca de 60% das empresas que participaram em edições anteriores do Fórum, e que não exportavam, sentiram-se motivadas para dar esse passo. O factor de exportação é um factor de motivação. Há conhecimento de duas empresas que decidiram exportar e estão a dar-se bem neste novo processo.

Dos países presentes este ano, quais as áreas de maior potencial?

Temos que estar cientes de que num país há sempre várias oportunidades. Em termos de exportação há também um trabalho prévio em saber que tipo de produtos interessa mais a certos países. Na minha opinião, um dos mercados neste momento com maior potencial é claramente a Tunísia. Temos 40 fábricas têxteis a funcionar naquele país. Pensa-se mesmo que a Tunísia vai ser o Dubai do Mediterrâneo.

Os parceiros clássicos da União Europeia não estão presentes nesta edição. Porquê?

Porque perante a actual conjuntura financeira mundial estamos a apostar em mercados com maior potencial de crescimento e que estejam mais afastados da recessão.

Mas os EUA estão em recessão e é um país presente. Porquê?

Os EUA é um mercado que não pode sair do conjunto. Não apenas pela dimensão mas também porque Portugal tem e depende das relações com aquele continente para crescer e dar uma maior abrangência aos produtos nacionais. Para além disso, acreditamos que a recuperação da crise financeira vai ser sentida em primeiro lugar nos EUA.