As empresas de aconselhamento e consultoria financeira são cada vez mais procuradas em Portugal. Este tipo de entidade, que surgiu no nosso País no início da década ajuda os clientes a encontrarem os produtos financeiros mais adequados ao seu caso e, em grande parte dos casos, a evitarem o sobreendividamento.

Estas empresas vão unir-se esta quarta-feira na Associação Portuguesa de Consultores de Crédito (APCC) que arranca com apenas sete associadas, mas que representam cerca de 70 a 80% do sector em Portugal, disse o presidente da associação, Manuel Rodriguez, em declarações à Agência Financeira.

O responsável estima que, nesta altura, sejam já perto de 500 as empresas de aconselhamento financeiro a operar no País, números que sublinha não serem precisos, já que não existe qualquer registo das mesmas em Portugal. Este é, de resto, um dos problemas do sector: «Não há regulamentação, o Banco de Portugal deveria criar as regras para este sector regulamentá-lo», disse, acrescentando que a APCC está já em contactos nesse sentido.

O sector é cada vez mais significativo em Portugal, tanto que, segundo estima Manuel Rodriguez, «as consultoras financeiras são responsáveis por canalizar cerca de 25 a 30% do volume de crédito para os bancos», uma percentagem que aumenta nos bancos mais pequenos, com menores redes de balcões comerciais.

Quem são os clientes destas empresas?

No que se refere aos clientes «típicos» deste tipo de empresa, Manuel Rodriguez esclarece que «há de tudo. Há clientes com cultura financeira, mas que não têm tempo ou paciência para irem de banco em banco à procura dos produtos mais adequados e vantajosos para a sua situação e por isso recorrem a estas empresas que têm conhecimento dos vários produtos existentes no mercado e que os podem aconselhar melhor e rapidamente. Mas há também os clientes sem cultura financeira, que não sabem escolher o melhor produto para si e nos pedem para fazer isso por eles. E depois existem os casos de sobreendividamento, em que as pessoas tiveram um problema qualquer na sua vida, ou ficaram em dificuldades com a subida dos juros, com a crise, e vêm à procura de ajuda».

Nestes casos, esclarece o presidente, podem dar-se duas situações distintas: «Ou a pessoa recorre à empresa de aconselhamento quando se apercebe dos problemas, no início das dificuldades, e aí é mais fácil reestruturar o crédito, renegociar com as instituições, consolidar todas as prestações, ou a pessoa acorda tarde de mais, e já está em situação de incumprimento no banco, com os cheques cancelados, e aí já é muito difícil resolver a situação».

O elevado nível de endividamento é um dos principais problemas nestes casos, com as famílias a apresentarem mais de cinco e seis créditos.