A actual taxa de juro de referência para a Zona Euro, que se encontra nos 4%, pode não ser ainda suficiente para conter a elevada inflação da região, que atingiu os 3,5% em Março, o valor mais alto dos últimos 16 anos.

Citados pela «Bloomberg», os membros do Conselho do Banco Central Europeu (BCE), Juergen Stark e Miguel Angel Fernandez Ordonez, afirmam que as pressões inflacionistas estão a alimentar os receios de que o preço do dinheiro não esteja alto o suficiente para conter a inflação.

«Acreditamos que a actual política monetária vai contribuir para atingirmos o nosso objective, mas não podemos ter a certeza», disse Juergen Stark num discurso em Bruxelas. «As pressões inflacionistas aumentaram ainda mais no curto prazo», acrescentou.

Recorde-se que o BCE traçou como tecto máximo para a inflação uma taxa de 2%, de modo a garantir a estabilidade de preços, que é o seu objectivo prioritário.

«Temos de estar preocupados», disse Miguel Angel Ordonez, governador do Banco de Espanha, em Madrid. «Vamos fixar as taxas de juro de forma a que a inflação se aproxime do nosso objectivo e que as perspectivas para a evolução dos preços estabilizem», adiantou.

Contrariando os pedidos dos agentes económicos e de várias instituições internacionais, o BCE tem vindo a manter a taxa de juro de referência nos 4%, apesar dos sinais de abrandamento da economia europeia na sequência da turbulência financeira internacional. O Fundo Monetário Internacional reviu inclusive em baixa a sua perspective para a Zona Euro, apontando agora para uma expansão de apenas 1,4% este ano. Uma evolução que deverá ser muito influenciada pela forte valorização do euro, que torna as exportações da Zona da moeda única menos competitivas no plano mundial.

O BCE «está sempre mais preocupado com a inflação» do que com o crescimento económico, admitiu Ordonez.