O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, reiterou esta sexta-feira a sua preocupação com os elevados rendimentos «desproporcionados» auferidos por altos dirigentes de empresas face aos salários médios dos seus trabalhadores.

O Chefe de Estado, que falava à margem do Congresso Internacional de Inovação Social, recordou que, no seu discurso do 25 de Abril, chamou a atenção para as desigualdades sociais que se verificam em Portugal e que lançou o roteiro sobre a exclusão social para mobilizar a sociedade e os poderes públicos para o combate a esse fenómeno.

«Voltei novamente ao problema das desigualdades na minha mensagem de Ano Novo», afirmou, acrescentando que falou sobre a «desproporção entre rendimentos de altos dirigentes de empresas face aos salários dos trabalhadores» e que foi objecto de algumas críticas.

«Neste momento este tema é uma preocupação quase generalizada dos países europeus, como disse o Presidente da Alemanha, porque as grandes desproporções entre rendimentos dos gestores e dos seus trabalhadores põem em causa a paz e a coesão social», declarou.

«Este problema não diz apenas respeito ao mercado como alguns pretenderam aqui insistir no nosso país», afirmou.

Para Cavaco Silva, sendo a coesão social uma preocupação dos Estados, então os governos devem tudo fazer pra evitar essas situações de crispação social.

«Anteontem, o Presidente do Banco Central Europeu falou de remunerações escandalosas de alguns gestores na Europa e pediu auto-contenção», disse, acrescentando que «outros tem vindo a defender tributações penalizadoras dos prémios dos gestores».