Portugal é o país da União Europeia com maior desigualdade na distribuição de rendimentos, de acordo com um relatório apresentado quinta-feira em Bruxelas.

Segundo o Relatório Sobre a Situação Social na União Europeia, de 2007, os rendimentos são repartidos mais uniformemente nos Estados-membros que nos EUA, excepção feita a Portugal. Até países do Alargamento, como Polónia, Letónia e Lituânia estão ao nível dos EUA

O nosso País é aquele em que o fosso entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres é mais largo. O mesmo acontece entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres, sendo que, em Portugal, quase um milhão de pessoas vivem com menos de dez euros por dia. Estamos a falar de 9% da população nacional quando nos restantes países da União a média é de apenas 5%.

O relatório denuncia ainda que as desigualdades aumentaram em Portugal entre 2000 e 2004, mostrando uma realidade social fortemente desigual. Só em Itália e na Polónia o aumento foi maior. Contas feitas, acusa Bruxelas, Portugal é o país mais desigual quer em 2000 quer em 2004.

O desemprego é apontado como uma das causas do problema, já que Portugal é um dos cinco países em que o risco de o desemprego levar a uma situação de pobreza é superior a 50%. Os baixos salários são outra das causas da pobreza no nosso País.

A União Europeia mostra ainda Portugal como um país de poucas oportunidades, revelando fraca mobilidade social. Quer isto dizer que, em Portugal, quando se nasce no seio de uma família de uma determinada classe social, dificilmente se sai dela. A baixa formação profissional é um dos factores que mais influencia esta realidade. Se imaginarmos uma criança, filha de um casal com empregos pouco qualificados, ela tem apenas 50% de probabilidade de aceder a uma categoria de emprego mais qualificado. Em Portugal, diz o relatório, tem apenas um terço de probabilidade.

Os países mais igualitários na distribuição dos rendimentos são os nórdicos, como a Suécia e Dinamarca.